O relatório da CPI do transporte público de Teresina, concluído pela Câmara Municipal de Vereadores na última quarta-feira (25), trouxe à luz uma série de irregularidades na gestão dos coletivos da capital do Piauí, incluindo crimes cometidos tanto pela Prefeitura Municipal quanto pelas empresas concessionárias do transporte público.
Muito do que o relatório comprovou já vinha sendo denunciado há bastante tempo pelo movimento popular de usuários e pelos trabalhadores do sistema. Agora, com as provas, fica claro que há um esquema de enriquecimento ilícito dos empresários de ônibus, o qual envolvia também ex-gestores da administração Firmino Filho, entre os quais Carlos Augusto Daniel, ex-superintendente da Strans (Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito).
As conclusões do relatório permitem avaliar que o esquema acabou sendo fortalecido com o edital de concessão do transporte público de 2016, visto que a concessão foi dada às mesmas empresas que já operavam na cidade, inclusive mantendo essas empresas nas mesmas zonas de circulação prévias ao edital. Ou seja, não houve concorrência pública.
Entre os valores milionários repassados ao Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) pela Prefeitura de Teresina, chama atenção o montante de R$ 71.518.141,86 transferidos às empresas às vésperas da última eleição municipal, entre 2019 e 2020.
O relatório também comprova a legitimidade das reivindicações dos trabalhadores do sistema, os quais sofreram com demissão em massa de 60% desde o início da pandemia.
A Auditoria Popular do Transporte Público esmiuçou as 151 páginas do relatório final da CPI do Transporte Público de Teresina e apresentou um relatório simplicado com os principais pontos do documento.
Leia o relatório completo na matéria do site O Corre Diário.
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