Como vai ser o Fórum Mundial da Bicicleta, em Rosário, Argentina

Entrevistamos Yamila Maribel Riego, uma das articuladoras do grande encontro da bicicleta, que acontece agora em setembro, às margens do rio Paraná. E é grátis!

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil  |  Postado em: 02 de agosto de 2021

Rosário: 190 km de ciclovias para acolher o FMB10

Rosário: 190 km de ciclovias para acolher o FMB10

créditos: LA Network

Rosário, a bela cidade às margens do rio Paraná, prepara-se para receber a 10º edição do Fórum Mundial da Bicicleta, encontro que busca reunir pessoas, organizações, empresas e agentes governamentais interessados em difundir o uso das bikes como instrumento de mobilidade urbana. O encontro está previsto para os dias 15 a 19 de setembro, de forma híbrida - presencial e virtual -, dependendo da evolução da pandemia aqui na região do Mercosul. 

Para saber mais sobre os preparativos, entrevistamos a estudante de arquitetura Yamila Maribel Riego, que integra a equipe de ativistas de várias cidades argentinas que trabalham na organização do evento. Na entrevista, realizada via whatsapp, ela expôs as dificuldades enfrentadas em função da crise de saúde e apresentou os principais eixos das discussões, oficinas e as esperadas e festivas bicicletadas que serão realizadas durante os cinco dias do evento. 

Como vai ser feito o Fórum neste contexto da pandemia?
Organizar um fórum mundial da bicicleta em um ano inteiramente marcado pela pandemia é um grande desafio. Porque é um evento muito importante para o movimento ciclístico, e temos que pensar na multidão de pessoas que aqui virão, mas sem perder de vista o que foram todos os fóruns mundiais já realizados. Isso implica dar conta das incertezas que o cenário pandêmico nos coloca, e atuar mesmo sem poder saber quais atividades efetivamente poderão ou não ser desenvolvidas.

Então, como equipe organizadora, decidimos apresentar o evento em formato híbrido: presencial e na virtualidade. Presencialmente, será sediado nos galpões culturais da costa do rio Paraná, local já cedido pela municipalidade da cidade de Rosário. Lá desenvolveremos as atividades presenciais planejadas, é claro que obedecendo a todos os protocolos de saúde - respeitar distâncias, orientar a lavagem das mãos, uso de máscara, e tudo que nos ajude a fazer as atividades com segurança.


A ideia é reduzir os riscos de contágio...
Claro. Para que se mantenha o distanciamento social, diferente dos fóruns anteriores, haverá inscrições e limitação do número de participantes às atividades. Claro, sempre há o risco de contágio, mas vale dizer que a vacinação na Argentina está indo bem, com mais de 50% da população vacinada. E nos anima ainda mais pensar que esse quadro deve ser acelerado, já que em setembro teremos eleições governamentais no país; e as autoridades certamente vão querer garantir que a maioria das pessoas possa ir votar. E nossa grande esperança é que todas as atividades programadas possam se desenrolar bem, pensando que o Fórum Mundial da Bicicleta acontece de 15 a 19 de setembro, a apenas uma semana das eleições. Além disso, como acontecerá também de modo virtual, temos essa oportunidade de poder abrir as atividades a pessoas de qualquer parte do mundo, aos que não poderão viajar, mas querem muito participar do Fórum. No momento estamos definindo uma plataforma que possibilite compartilhar todas as atividades propostas, e logo abriremos para inscrições, em ambos os modos, presencial e virtual. 


Como está o movimento de estímulo à bicicleta na Argentina?
A Argentina é um país muito grande. É o oitavo maior país do mundo em extensão. E o país é muito díspar, com muitas diferenças regionais. Então, dentro desse território há cidades que se destacam um pouco sobre as outras. Buenos Aires é uma delas, mas é a capital do país e por isso conta com mais possibilidades e facilidades, o que não ocorre em muitas cidades do interior do país. Particularmente em Rosário, que é onde acontece o fórum, digamos que o progresso em termos de infraestrutura cicloviária é bastante elevado, bastante avançado. A cidade tem mais de 190 km de ciclovias e é uma das poucas cidades do país que conta com um sistema de bicicletas públicas compartilhadas (Mi bici tu bici), o que agrega a bicicleta diretamente ao sistema de transporte público municioal da cidade. Acreditamos que Rosário está altamente preparada para receber o movimento ciclístico latino-americano, e quem a visita pode chegar de bicicleta a todos os seus atrativos. Eu acredito que essas características da cidade ajudaram muito em sua escolha como sede deste 10º Fórum Mundial da Bicicleta.

 

Parte da equipe que organiza o Fórum Mundial da Bicicleta Foto: Arquivo FMB10


Quais são os principais temas do 10º Fórum?
Esta edição do Fórum Mundial da Bicicleta nasce de uma trajetória em que realizamos alguns eventos anuais nacionais, como os Fóruns Argentinos da Bicicleta. E sempre temos que fazer uma "ginástica" para selecionar os eixos temáticos que se relacionam com os problemas emergentes do território local. Neste fórum mundial, imaginamos debater e desenvolver ideias dentro de cinco eixos temáticos. O eixo número um é o da "Cultura em Movimento", o domínio da arte, do divertimento, e do desporto. Consideramos que andar de bicicleta é um hábito cultural e por isso neste eixo vamos buscar as tradições do movimento ciclístico e também os novos hábitos culturais do mundo do ciclismo. 

O eixo número dois é o que chamamos de "Conhecimento em movimento" e diz respeito a tudo o que aprendemos no movimento em defesa da bicicleta e pelos debates que ocorrem em ambientes acadêmicos formais e não formais em torno do movimento ciclístico. Nos perguntamos, por exemplo, sobre o que aprendemos ao andar de bicicleta e nos debates sobre mobilidade urbana a mobilidade nas cidades.

O eixo três, que chamamos de "Massas em movimento", aborda o movimento ciclístico latino-americano como um movimento social, que ostenta todas as características dos movimentos de massa. Entendemos que o movimento propõe um debate sobre o próprio patrimônio e as transformações na realidade, em nossas cidades, atravessadas por perspectivas que podem ser de gênero, acessibilidade, interculturalidade, diversidade ou outras perspectivas que também são necessárias para construir uma comunidade. 

O eixo quatro, "Cidades em Movimento", vai estar voltado para o debate e compartilhamento de experiências sobre o desenho das cidades, da infraestrutura que já temos e as políticas públicas que se está desenvolvendo em outras cidades na área da mobilidade.

O número cinco envolve o tema da "Ação Climática" é um dos mais importantes e está diretamente ligado ao reconhecimento de que a mobilidade em bicicleta nas cidades pode ser uma ferramenta no processo de redução das emissões de carbono em ambientes urbanos, que hoje são uma das maiores preocupações devido à crise climática que vivemos.

 

E para participar, quando serão abertas as inscrições? E quais serão as condições para que os brasileiros possam entrar na Argentina em razão da pandemia e de todas suas incertezas?
As inscrições e as formas de participar do Fórum - presencial ou virtual - serão abertas e definidas agora em agosto, dentro de mais duas ou três semanas, por volta do dia 23 de agosto. E tal como em outras edições do Fórum, qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo poderá se inscrever gratuitamente, mas desta vez com antecedência, porque teremos limitações no número de pessoas em cada atividade. Quanto à presença dos amigos brasileiros, as informações atuais indicam que as fronteiras com o Brasil estarão fechadas até 6 de agosto e estamos atentos para ver se haverá possibilidade de ingressar no país após essa data, e também quais serão as novas restrições, já que Brasil e o Chile em particular estão entre os países que hoje não podem realizar voos para a Argentina. Vamos atualizar as informações nas próximas semanas.


O Fórum Mundial da Bicicleta
O evento nasceu em 2011, na cidade de Porto Alegre, depois de um triste evento em que um motorista acelerou seu carro contra um grupo de pessoas que participava de uma bicicletada. Desde então, o Fórum Mundial da Bicicleta já passou por várias cidades latinoamericanas e chegou até Katmandu, no Nepal, em sua 9ª edição, realizada virtualmente por conta da pandemia da Covid 19. Agora é a vez de Rosário, cidade que nasceu às margens do ali exuberante rio Paraná.Não por acaso, toda a programação visual do Fórum faz referência às águas e ondas do grande rio. 

Informações, inscrições, dúvidas? Acesse o site https://fmb10.org/



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