Observem a foto, que foi tomada nesta semana. Há alguns meses, uma obra para a construção dos emissários de despoluição do rio Tietê ocupa duas faixas da av. Santos Dumont, no sentido Centro-Bairro, já nas proximidades da praça Campo de Bagatelle. Se inicialmente a intervenção provocou algum problema, notamos que rapidamente os motoristas se adaptaram ao bloqueio e passaram a reduzir a velocidade e antecipar a manobra para desvio de faixas naquele ponto da avenida.
Um fato curioso - e positivo - é que o canteiro da obra acabou funcionando como uma ação de "traffic calming". Neste local circulam muitos pedestres: estudantes de uma faculdade, usuários de um centro esportivo municipal, moradores de um condomínio e pessoas que tentam chegar ao Parque Anhembi e ao Sambódromo, do outro lado da avenida. Para issso, precisam caminhar até uma complicadíssima passarela, como são quase todas em São Paulo. Mas esse é outro assunto.
Antes da obra os veículos chegavam à rotatória da Praça em velocidades de 60 km/h, contornavam o círculo em velocidade ainda alta, e seguiam pelo outro lado da avenida ou pela rua Paineira do Campo - onde há uma escola - na mesma rápida carreira. As marcas do excesso de velocidade podem ser vistas, por exemplo, nas grades amassadas que aparecem na foto.
Passados tantos meses, notamos que a obra realmente desacelerou o trânsito naquele final do "Corredor Norte-Sul" graças à retirada das duas faixas ocupadas pelo canteiro. E mesmo com a retomada do tráfego - sem o rodízio municipal - não se formam congestionamentos naquele ponto. Seria interessante que a CET realizasse uma medição naquela área para comprovar essa aparente melhoria.
Final da ciclovia, logo após a travessia da Ponte das Bandeiras Imagem: CET/SP e Reprodução Google
Mais ainda, a restrição mostrou que é possível ampliar e melhorar calçada, além de permitir a implantação de um pequeno trecho de ciclovia para completar a ligação bairro-centro. Sim. Há uma ciclovia que vem do centro, passa pelo bairro do Bom Retiro, cruza as duas pontes sobre os canais do Tamanduateí e Tietê, mas termina alí, logo depois da travessia da Ponte Grande. Nesse trecho, os ciclistas têm que seguir pela calçada - como mostra a foto - ou arriscar-se no trânsito (antes muito veloz e violento).
Perguntamos: por que não aproveitar o momento e já prever a redução da largura da pista nessa área, a complementação do eixo cicloviário e a melhoria nas sofridas calçadas? Vamos levar a sugestão à prefeitura de São Paulo.
Leia também:
Pedestre: não verás calçada alguma
"Área Calma" continua um pouco "nervosa" em SP
Pesquisa avaliou uso das bikes elétricas compartilhadas no Rio
Ciclistas pedem a expansão de ciclovias em Santana de Parnaíba
Presença de ciclista na via é direito garantido por lei