Em meio aos Pirineus espanhóis, na divisa com a França, foi inaugurada há quatro meses a nova estação ferroviária de passageiros de Canfranc, na região de Aragão, projetada pelo arquiteto Joaquín Magrazó, do escritório Ingennus. A nova estação ocupa uma área de 1.400 m², e está pronta, mas, para que a antiga linha internacional Zaragoza-Canfranc-Pau, fechada há 51 anos, possa finalmente ser reativada, deverá aguardar a conclusão de outro importante projeto no local.
Trata-se da recuperação da antiga estação de Canfranc, um imponente edifício do século 19 que durante a Segunda Guerra foi entregue pelo governo Franco aos nazistas (conta-se que o ditador espanhol usou Canfranc para trocar tungstênio, elemento essencial na produção de tanques, por ouro nazista).
Estação ficou abandonada por mais de 50 anos. Foto: Shutterstock
Depois desse período, o local ficou abandonado por mais de meio século. Agora, o velho casarão da estação está sendo revitalizado para ser transformado em hotel cinco estrelas.
A fachada de Canfranc será preservada, e a nova estação, construída atrás da existente, terá acesso ao hotel. O complexo incluirá um centro de conferências com 200 lugares, um museu ferroviário, lojas e um refúgio de peregrinos, já que esta é uma das rotas para Santiago de Compostela.
Perspectivas artísticas da nova estação de trem de Canfranc, na região dos Pirineus. Imagens: Ingennus
A expectativa é de que as obras de transformação da estação de trem abandonada em hotel sejam concluídas no final de 2022.
Histórias de azar
Alguns episódios marcaram a falta de sorte do local, relatou Alfonso Marco, autor de um livro sobre a estação em entrevista ao jornal Guardian. A estação tinha acabado de ser inaugurada quando o crash financeiro de 1929 aconteceu. Dois anos depois, enfrentou um incêndio. Canfranc também sofreu com a Guerra Civil Espanhola a Segunda Guerra seguidamente.
Em 1970, um descarrilamento danificou uma ponte, proporcionando uma desculpa para abandonar a estação. Marco diz que Canfranc se tornou “um mausoléu ferroviário involuntário de enorme valor de patrimônio e sentimental… parte de uma história que não pode ser ignorada e que merece ser conhecida e valorizada.”
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