"Modelo do transporte público tem que ser construído com a sociedade"

Leila Saraiva, do Inesc, fala sobre o estudo realizado em 2019, que indicava caminhos para um transporte coletivo acessível a todos. Ouça o podcast Expresso #44

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil  |  Postado em: 11 de junho de 2021

Leila Saraiva, do Inesc: em busca da tarifa zero

Leila Saraiva, do Inesc: em busca da tarifa zero

créditos: Reprodução

 

Como pagar a conta do transporte público?
Nesta edição nós seguimos buscando respostas para a crise no transporte público, que já afeta centenas de cidades em todo o país. A ideia é ouvir pesquisadores, lideranças empresariais, organizações da sociedade, ativistas e também gestores públicos para entender o problema e permitir que essa discussão vá para as ruas.


Antes, porém, falamos sobre os destaques da semana:

Na área de trilhos urbanos, a operadora de trens Supervia, do Rio de Janeiro, pediu recuperação judicial para ter fôlego e reestruturar sua operação. A empresa perdeu passageiros, principalmente pela falta de integração física e tarifária dos vários modos de transportes que operam na região metropolitana do Rio, e mais especialmente na Baixada Fluminense. Agora, a Supervia espera receber recursos do Governo do Estado e também conquistar uma revisão dos contratos para continuar operando.


Ainda na área de falando sobre trilhos urbanos, autoridades de Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, anunciaram a intenção de ativar os Veículos Leves sobre Trilhos adquiridos em 2009, mas nunca utilizadas no transporte local. Quando foi lançado, o projeto prometia um "metrô da cidade", mas questionamentos judiciais paralisaram a evolução da obra, porque a infraestrutura de trilhos e estações não estava preparada para operar com os novos trens. A ideia era aproveitar os velhos e sofridos trilhos da antiga "Linha do Litoral", que operou na região entre 1869 e 1996. Agora, uma equipe de técnicos está avaliando a possibilidade de recuperação das composições e dos trilhos.


O caso de Macaé lembra outro projeto "congelado", o do VLT de Cuiabá, que corre o risco de ser abandonado e substituído por um corredor de ônibus em meio a uma polêmica que envolve mais disputas políticas do que argumentos técnicos. O governo estadual adquiriu e recebeu as composições elétricas da espanhola CAF, chegou a realizar testes de circulação no trecho de Várzea Grande, mas a obra foi paralisada por sucessivos questionamentos judiciais. E desde 2014, ante as dificuldades para concluir a obra, discute-se a sua substituição por um sistema de corredores de ônibus.


Como contraponto, lembramos que o VLT Carioca, no Centro do Rio de Janeiro, acaba de completar cinco anos, agora com a promessa de sua integração ao futuro BRT Transbrasil, e com um projeto para uma nova linha de trilhos que ligaria o centro da cidade ao campos da UFRJ, na Ilha do Fundão.  E em Santos, seguem as obras para expansão do VLT até o porto, no Centro Histórico da cidade.


Mudando de assunto, nesta semana nós atualizamos um pequeno texto que trata das diferenças entre ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Para isso, nos baseamos no texto do Manual de Sinalização Cicloviária, que teve sua minuta publicada há uma semana pelo Denatran. Para entender, vale acessar o texto e o próprio Manual.

Mas, em uma explicação rápida, ciclovias são áreas pavimentadas, sinalizadas e bem isoladas do tráfego motorizado, dando muita segurança aos ciclistas. Ciclofaixas são faixas demarcadas com pintura ou sinalizadores refletivos - tipo olho de gato - mas implantadas sobre o asfalto, ao lado das faixas reservadas para o tráfego de carros e veículos pesados. Não há separação física e por isso essa solução é mais adequada para vias com trânsito leve e de baixa velocidade. E por fim, as ciclorrotas, que são vias apenas sinalizadas, onde os ciclistas compartilham espaço com os carros. Daí, o ideal é que elas sejam implantadas em vias calmas. 

 

Voltando ao tema espinhoso da crise no transporte público, nesta semana entrevistamos Leila Saraiva, que é militante do Movimento Passe Livre-DF e doutoranda em antropologia na UnB. Além disso, Leila é  assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos, o Inesc, organização que já tem mais de 40 anos. Entre 2019 e 2020 a equipe de pesquisadores do Inesc desenvolveu um estudo sobre formas inovadoras de financiar o transporte coletivo e iniciou uma campanha para que o direito ao transporte - que está na Constituição - seja regulamentado e colocado em prática nas cidades brasileiras.

Em sua entrevista, ela expõe alguns dados do estudo de 2019, fala sobre as audiências realizadas sobre o tema na Câmara Federal e defende a necessidade de uma articulação e de mobilizações da sociedade para construir um novo modelo de gestão e operação do transporte público, com tarifas mais baixas ou até com tarifa zero.


Ouça o Expresso #44
 

  

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