A ciclovia Tim Maia passará por reformas que custarão ao município cerca de R$ 9,4 milhões, conforme anunciado pela Prefeitura do Rio. Esta é uma promessa de campanha do prefeito Eduardo Paes. Segundo a Secretaria de Infraestrutura, dois reparos estão previstos: a recomposição do guarda-corpo, alvo de constantes furtos, e do tabuleiro, no trecho atingido por uma tempestade em 2019.
A licitação para as obras está marcada e deve acontecer em maio. A concorrência compreende obras no guarda-corpo - previstas para durar 120 dias - e o restauro do trecho interditado da ciclovia entre São Conrado e Barra da Tijuca.
Desabamentos
Inaugurada em 2016, a ciclovia Tim Maia custou aos cofres públicos R$ 44 milhões e já caiu quatro vezes, sendo que no primeiro desabamento duas pessoas morreram. Essa sucessão de desastres e o valor despendido têm colocado dúvidas e gerado polêmicas sobre se seria realmente correto investir na sua continuidade.
Mas é importante reconhecer que, mesmo com os desabamentos, e apesar de estar interditada, a população segue utilizando a ciclovia; ou se arrisca pedalando no meio do trânsito da Avenida Niemeyer.
Na opinião do pesquisador Victor Andrade, coordenador do LabMob da UFRJ, a obra precisa ser finalizada, por três motivos: "A ciclovia Tim Maia cumpre um papel triplo: ela amplia o acesso à comunidade local através da mobilidade ativa, incentiva o deslocamento de bicicleta entre a Barra da Tijuca e a zona sul, que são duas centralidades no Rio, e propicia atividades recreativas e de fruição da paisagem por meio do turismo."
Aqui pooderia ser questionado o gasto com turismo, quando atravessamos uma crise sanitária. Mas o pesquisador não vê aí uma contradição:
"Uma coisa ajuda a outra; se temos mais turistas pedalando a lazer, significa que mais moradores vão se sentir encorajados e seguros para fazer em bicicleta esse trajeto tradicionalmente feito sob pneus. E vice-versa", analisa Victor Andrade.
Para o pesquisador, a lógica no caso da ciclovia é a mesma que para o caso do teleférico do Alemão ou do metrô da Gávea, em que as obras também ficaram pela metade: "Por mais custosas que sejam ao erário neste momento, já houve um investimento prévio nessas infraestruturas. Elas já estão construídas, já fazem parte da cidade. É mais inteligente terminá-las e reinvestir nelas, com o respaldo de um plano efetivo de manutenção preventiva, do que esperar novos acidentes acontecerem por omissão e abandono", conclui.
Para o morador da Barra da Tijuca, Alain Cayeux, esse é o ponto: a obra é necessária principalmente para evitar acidentes na região, diz ele: "Eu aprovo o retorno das obras. Faço o trajeto da Barra até o Leblon uma vez por dia de bicicleta, e atravessar a Avenida Niemeyer com os ônibus passando é um perigo gigante para os ciclistas", afirmou à reportagem do jornal O Globo. Cayeux se diz um apaixonado pela vista que se tem da ciclovia, e acredita que essa passagem em boas condições ajudará também a mudar, para melhor, a mobilidade no município.
Ciclistas não deixaram de usar a ciclovia, mesmo com trechos interditados. Foto: Leonardo Lucena/ Brasil 247
Vistoria
Na manhã desta segunda-feira (26) equipes da Prefeitura do Rio realizaram três vistorias para acompanhamento de algumas obras nessa região: foram visitados os trabalhos em andamento na Avenida Niemeyer, na Ponte Velha da Barra da Tijuca e nos dois trechos interditados da ciclovia Tim Maia.
Além de detalhar in loco o projeto de reconstrução da ciclovia, as equipes puderam vistoriar o trecho São Conrado-Barra da Tijuca. "Vamos recuperar o guarda-corpo da ciclovia Tim Maia e devolvê-la para a população, segura. É um local que sofre com roubos frequentes e, por isso, vamos licitar agora em maio com um novo material, sem valor comercial", explicou a secretária de Infraestrutura Kátia Souza, que estava acompanhada de sua equipe e do presidente da Geo-Rio, André Senos.
Leia também:
Prefeitura do Rio pretende reabrir Ciclovia Tim Maia em 6 meses
Interditada, Avenida Niemeyer vira área de lazer em domingo de sol
Ciclistas reclamam da interdição total da Ciclovia Tim Maia
Tragédia da Ciclovia Tim Maia, no RJ, completa dois anos sem solução