Trânsito em Maceió: excessos, falta de planejamento e projetos são desafios para 2012

Especialista confirma: se não houver planejamento, na próxima década o trânsito na capital alagoana poderá parar

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 |  Autor: Fran Ribeiro / Primeira Edição  |  Postado em: 03 de janeiro de 2012

Trânsito fica complicado na BR-104

Trânsito fica complicado na BR-104

créditos: Arquivo / Primeira Edição

Mais um ano se passa e o trânsito maceioense fica cada vez mais caótico. Além do ‘boom’ de carros novos que jorram mensalmente nas ruas da capital alagoana, a população encontra dificuldades para se locomover. Buracos, ruas sem asfaltamento ou sinalização acabam influenciando na confusão de se transitar pela cidade.

 

O aumento da frota, visto como principal vilão nos longos engarrafamentos que se tornaram comuns em Maceió, tem números surpreendentes. De acordo com dados obtidos junto a Coordenadoria de Controle de Veículos do Detran-AL, de 2010 a 2011, a quantidade de carros em circulação teve um aumento de 12,6%, subindo de 182.750 para 205.872. Foram 23.122 novos veículos no período de um ano. Além do aumento do contingente, os problemas encontrados no trânsito poderiam ser solucionados com um simples planejamento e vontade política.

 

Em entrevista ao Primeira Edição, o assessor de comunicação da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), Mácleim Damasceno, fez um balanço da situação que é vista e sentida atualmente pela população, das ações de gerenciamento, as dificuldades e um prospecto de como o trânsito em Maceió será regido em 2012.

 

O dilema do transporte público

 

Especialistas na área de planejamento de trânsito são unânimes. Para gerenciar e controlar o aumento de veículos em Maceió, o transporte público é a alternativa. Atualmente, Maceió conta com 589 ônibus em operação para atender uma população de 932.748 mil pessoas. Segundo dados da Associação dos Transportes de Passageiros do Estado de Alagoas (Transpal), por mês, cerca de 550 mil pessoas utilizam o transporte público na capital. O número de veículos é insuficiente e deficiente para atender a demanda.

 

Em meados de abril de 2011, a SMTT realizou uma audiência pública sobre o assunto. A população foi consultada, e a Prefeitura de Maceió junto com o órgão, o Ministério Público e a Procuradoria do Município elaboraram o primeiro edital de licitação para o transporte público para a capital alagoana. Após meses de elaboração e revisões no texto, projeto voltou para a Prefeitura e permanece lá até hoje.

 

Segundo Mácleim, a demora para a publicação do edital não tem explicação, mas que isso deverá ser feito ainda no início de 2012. “O edital deverá ser publicado ainda no início de 2012. É meta da gestão do superintendente [Pinto de Luna], que desde que assumiu a pasta, tem corrido atrás para que essa licitação seja concretizada”.

 

Até aí tudo bem. Mas e a questão da quantidade de veículos nas vias? Para Mácleim, a licitação será importante para garantir a qualidade do transporte público. “O problema não será a quantidade de ônibus nas ruas. E sim dar à população o direito de se locomover em veículos limpos, seguros e de qualidade. A frota deverá proporcionar conforto para a população, que não precisará ficar horas no pontos esperando um ônibus”.

 

O assessor disse que existem projetos para desafogar o trânsito na principal avenida que liga a parte alta da parte baixa de Maceió. A Fernandes Lima, que em determinadas horas do dia, apresenta pontos de retenção que tira qualquer motorista ou passageiro do sério. “O projeto para a construção de uma via exclusiva para ônibus existe, mas para isso, teria que se tirar uma das faixas. E isso é um problema. O trânsito não tem planejamento e falta vontade política. É preciso que a prefeitura bata o pé para que a faixa seja construída”, avaliou.

 

É o que também concorda o professor de planejamento de transporte público da Universidade Federal de Alagoas, Alberto Rostand Lanverly. De acordo com o professor, a avenida precisa do auxílio de vias alternativas para desafogar o trânsito.

 

Além dos problemas estruturais da Fernandes Lima, o especialista aponta outras soluções que são necessárias para “consertar” o problema. Segundo ele, falta profissionais qualificados para gerenciar os órgãos responsáveis pelo transporte em Maceió. “As cabeças pensantes pensam no hoje, no assar e comer. Não se pensa no médio, muito menos no longo prazo”, afirmou Rostand.

 

Isso pode ser constatado também no efetivo deficiente para fiscalizar no dia-a-dia. Em 2012, a SMTT prevê a realização de um concurso público para agentes de trânsito. Segundo a assessoria do órgão, a prefeitura só liberou 200 vagas, das 450 solicitadas pela superintendência. Número insuficiente para colocar as leis em prática. “Como colocar em prática as leis se não tem quem fiscalize?”, indagou Damasceno.

 

“A cidade daqui uns anos pode parar”

 

Alberto Rostand foi enfático ao dizer que para se solucionar os problemas do trânsito na capital é preciso um planejamento. Urgente, imediato e para longo prazo. “No curto prazo não se corrige Maceió e olhe lá se no médio prazo se corrige. Enquanto não se levar o transporte público como ciência, pode ter certeza de que vamos ter problema para a geração que vem. Eu vejo a situação crítica senão se pensar Maceió para a próxima década”, completou o professor.

 

Meios alternativos de transporte para a população

 

Começar a solucionar os problemas do macro não será uma tarefa fácil. Então, quais formas poderiam ser adotadas para melhorar o trânsito em Maceió? Foi implantado este ano na capital o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Apontado como transporte moderno e ágil, já está circulando comercialmente em Maceió, mas pouco interferiu na rotina do trânsito.

 

O VLT, a princípio só tem serventia aos moradores de Satuba, que o utilizam para se locomover até Maceió. Apesar do investimento de R$ 180 milhões, as rotas não foram ampliadas e atualmente, pouco mais de 3 mil passageiros utiliza o transporte por dia. Até o final de janeiro deste ano, a previsão é que o trecho Maceió – Rio Largo seja inaugurado. Ainda segundo o gerente operacional da CBTU/AL, Flávio Tenório, obras de reestruturação na malha ferroviária estão sendo feitas além da construção de novas estações, que devem ser concluídas em 2012.

 

Implantação de ciclovias

 

Há muito se vê na cidade ciclistas se arriscando entre os carros para se locomoverem. Muitos por não ter condições de pagar R$ 2,10 por viagem em um coletivo defasado, outros por acharem mais prático. 

 

Do excesso de carros a falta de educação no trânsito. Dos motoristas e dos próprios ciclistas, que muitas vezes, se arriscam por entre os carros e transitando em via contrária. A assessoria da SMTT informou que existem projetos para a criação de ciclovias. Além da revitalização dos quilômetros que existem na orla, dois projetos já foram entregues a Superintendência Municipal de Controle do Convívio Urbano (SMCCU): uma para a construção no canteiro da Avenida Amélia Rosa, n bairro da Jatiúca, e a construção de outra ciclovia no canteiro da Avenida Fernandes Lima.

 

Macléim explicou ainda que falta sintonia entre a SMTT e a SMCCU para que os projetos sejam colocados em prática, já que essa parte de infraestrutura e construção são de responsabilidade da SMCCU. A reportagem do Primeira Edição tentou entrar em contato com a assessoria do órgão, mas não foi atendida.

 

É bom lembrar que os órgãos e a gestão pública devem garantir que o bem estar social seja concretizado. E a população tem o direito de cobrar por melhorias e o dever de respeitar as leis. A conscientização de que as coisas precisam mudar tem que partir de cada cidadão.

 

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