Uso de carros por app na pandemia aumenta 36% entre os mais pobres

Já as corridas entre os mais ricos caíram 41% no país. Dados da empresa 99 refletem desigualdade entre os que podem fazer isolamento social e os que precisam sair de casa

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Fonte: Mobilize/ 99  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 29 de março de 2021

Carro de app: opção para evitar o contágio em ônib

Carro de app: opção para evitar o contágio em ônibus lotados

créditos: Roberto Parizotti/ANF

O volume de corridas por aplicativo realizadas pela parcela mais pobre da sociedade brasileira entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021 aumentou 36%, enquanto o número de corridas entre a parcela mais rica no país caiu quase pela metade, 41%. 

 

É o que aponta um levantamento da 99, empresa de tecnologia ligada à mobilidade, que comparou os números do mês anterior à notícia da pandemia no país, com o que foi realizado em fevereiro deste ano. 

 

Para a análise, foram separadas quatro faixas de renda, seguindo as definições do IBGE, e analisados dados de seis capitais do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre. 

 

E é na cidade mais rica do Brasil que essa desigualdade fica ainda mais evidente. Em São Paulo, a população que recebe até dois salários mínimos passou a utilizar 75% mais os carros por aplicativo na comparação entre fevereiro de 2020 com o mesmo mês deste ano. 

 

Enquanto isso, a população paulistana que recebe acima de cinco salários mínimos faz hoje 54% menos corridas por aplicativo. Nacionalmente, a frequência de uso entre os de menor renda cresceu sete pontos percentuais no aplicativo, ao passo que os de maior poder aquisitivo registram atualmente uma queda de 13,5 pontos percentuais em viagens por app. 

 

Desigualdade

Os dados apontam que a faixa com menor renda está recorrendo cada vez mais aos carros por aplicativo como alternativa de mobilidade ao ter que sair de casa durante a pandemia da covid-19, enquanto a parcela mais rica passou a utilizar menos a modalidade. 

 

"A constatação desse levantamento é reflexo da desigualdade que a pandemia escancarou no Brasil. Pessoas que ganham menos não puderam manter o home office e o isolamento social, pois precisam sair de casa para trabalhar. São profissionais que atuam, em sua maioria, em funções que não permitem o trabalho remoto, como caixas de supermercados, diaristas, porteiros ou atendentes em lojas", explica Lívia Pozzi, diretora de Operações da 99. 

 

Já os mais ricos puderam permanecer em casa, diz Pozzi, seja fazendo home office ou utilizando alguma reserva financeira que conseguiram economizar. "Além disso, ao sair de casa, as pessoas com maior poder aquisitivo, muitas vezes, possuem carro próprio, o que não é a realidade para os mais pobres", conclui. 

 

Periferias

Esses dados vêm justamente ao encontro dos números registrados em outra pesquisa da 99, divulgada em 2020. Feita nas periferias das grandes cidades do País, 20% dos entrevistados afirmaram que não puderam fazer o isolamento e precisaram trabalhar todos os dias. 32% fizeram apenas de 1 a 3 meses de isolamento. 

 

Além disso, durante a pandemia, a segurança em relação à covid-19 também aparece com grande relevância com relação aos fatores de decisão para a escolha do transporte quando for sair de casa. Em São Paulo, 46% dos entrevistados levam em consideração o risco de contágio do coronavírus no transporte. 

 

"O momento é de ficar em casa, mas essa, infelizmente, não é uma possibilidade para muitos brasileiros. E é focada nesse cenário que a 99 trabalha desde antes mesmo da pandemia chegar ao Brasil para oferecer um app de conveniência a preço justo, trazendo opções seguras de serviços que conversem com as classes C e D e que resolvam os problemas do dia a dia, seja em mobilidade, delivery ou serviços financeiros", finaliza Pozzi. 

 

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