Funcionários, visitantes, entregadores e também - porque não? - deputados que cheguem pedalando à sede da Assembleia Legislativa de São Paulo já contam com um ótimo local para guardar suas bicicletas.
O novo bicicletário foi inaugurado na semana passada e atende a uma antiga demanda dos ciclistas paulistas, mas também busca estimular os frequentadores do Palácio 9 de Julho usarem bicicletas para chegar ao edifício, localizado em uma área que já fez parte do Parque Ibirapuera, na zona sul da cidade.
O espaço tem entrada pela rua Abílio Soares e oferece vagas para até 52 bicicletas na área da rampa, 36 vagas no deque e três vagas para bicicletas cargueiras, num total de 91 vagas.
O projeto foi desenvolvido pela arquiteta e urbanista Suzana Nogueira, especialista em infraestrutura cicloviária, que respondeu a uma breve entrevista, realizada por meios eletrônicos...
A arquiteta e urbanista Suzana Nogueira
Como nasceu a ideia do bicicletário da Assembleia Lesgislativa?
A proposta do bicicletário surgiu, na verdade, pela ação que os ciclistas fizeram, junto com alguns deputados, sobre a necessidade de um local para estacionar as bicicletas. Então, foi elaborada uma proposta e um projeto de lei para garantir a verba de execução. Havia uma estimativa de empenho e foi aberta uma licitação para a elaboração do projeto do bicicletário. Eu apresentei uma proposta e fui escolhida.
A proposta foi desenvolvida inteiramente por você?
Eles já tinham alguns pré-requisitos, como a necessidade de um banheiro e as áreas de guarda, mas essas instalações não estavam especificadas no próprio edital de chamamento. Fiz algumas conversas com a equipe técnica da Assembleia e elaborei uma proposta inicial de áreas. Mas a definição daquele local para abrigar o bicicletário, foi uma definição da própria Alesp.
Os ciclistas participaram desse processo?
Eu preparei um pré-projeto e apresentei lá na Assembleia, com a presença de alguns ciclistas. Foram poucos, na verdade, porque já estávamos no início da pandemia. O conceito inicial acabou sendo alterado a partir dessa reunião e aí consolidamos a proposta com banheiro, estação de reparos, armários e uma área de conforto e descanso. A área escolhida era apenas uma rampa, pouco utilizada, mas era uma área muito bonita, que poderia ser uma praça. Daí, surgiu a ideia de ampliar o espaço e fazer um deque, que nós realizamos com peças de "madeira de plástico reciclado". No piso de entrada nos mantivemos os ladrilhos hidráulicos com o diagrama do mapa de São Paulo, que foram desenhados ainda nos anos 1960 pela artista e arquiteta Mirthes dos Santos Pinto, e que já compunham o paisagismo do edifício.
Como ficou o espaço construído?
Procuramos manter uma certa transparência na construção, de forma a permitir a visão da arquitetura do prédio principal, com suas características modernistas. Optamos por vagas horizontais, para facilitar a chegada e colocação das bicicletas. A pessoa chega, coloca a trava em sua bicicleta e pode deixar seus pertences e capacete nos armários. Alguns desses armários são maiores e permitem a guarda de outros equipamentos. Também incluímos vagas para bicicletas cargueiras e optamos por um modelo que atenda a bicicletas normais e também bicicletas elétricas. Essas inovações foram feitas em caráter piloto e podem ser ampliadas, porque sabemos que há uma tendência ao crescimento de uso das bicicletas elétricas.
E por que a instalação das placas de geração fotovoltaica?
Essa foi uma exigência que atendeu a um padrão de referência da própria equipe técnica da Alesp, já que eles pretendem implantar a geração fotovoltaica em toda a edificação do Palácio 9 de Julho. A energia para o carregamento das bicicletas elétricas e para a iluminação virá dessa fonte.
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