A Aliança Zebra (Zero-Emission Bus Rapid-deployment Accelerator) lançou hoje (10) a articulação para investir 1 bilhão de dólares em ônibus elétricos a bateria em quatro cidades latino-americanas: São Paulo, Cidade do México, Medellín e Santiago. O projeto é financiado pela Partnering for Green Growth and the Global Goals 2030 (P4G) em uma parceria entre a rede da C40 Cities e o Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT).A meta é acelerar a troca dos veículos nessas cidades nos próximos anos e estimular o desenvolvimento da indústria local para o transporte público sem emissões de gases de efeito estufa.
A iniciativa reuniu em um webinar cerca de 200 investidores, fabricantes de ônibus, operadores de energia e representantes das prefeituras das quatro cidades envolvidas inicialmente no projeto para anunciar o compromisso assinado pelos participantes do projeto. No encontro foram apresentados os modelos de financiamento e as tecnologias disponíveis para a transição elétrica dos ônibus, incluindo dados sobre o cronograma de mudança na cidade de São Paulo. A meta da aliança internacional é alcançar US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões) em investimentos em 2021.
Segundo dados do E-Bus Radar (www.ebusradar.org), a América Latina conta atualmente com 1962 ônibus elétricos, o que corresponde a cerca de 2% do total de ônibus em circulação nos países da região. A maior parte dos novos veículos a bateria foi adquirida pela cidade de Santiago, no Chile, mas também há trólebus e ônibus híbridos (diesel e elétrico) em circulação em praticamente todos os países latino-americanos, incluindo capitais e cidades médias.
Financiamento
A maior novidade apresentada na reunião refere-se ao modelos de financiamento dos novos ônibus, que conta com a participação de investidores privados, entre fabricantes de ônibus, fornecedores de energia e de carregadores, investidores externos e bancos, além do aporte de fundos de mobilidade mantidos pelos impostos e pelas tarifas pagas. Desta forma, os operadores não precisariam necessariamente comprar os ônibus ou os equipamentos de carga. E há modelos em que os ônibus são vendidos, mas as baterias - item mais caro da operação - são alugadas às prefeituras ou aos operadores.
Durante a reunião foram apresentadas as empresas que constituem a Aliança em cada cidade-alvo do projeto. Em São Paulo, por enquanto, participam as fabricantes BYD, Foton Bus, Higer Bus, SunWin, além da empresa brasileira Eletra. Entre os financiadores, estão fundos de investimento, empresas de energia e bancos de desenvolvimento: AMP Capital, Ascendal, EDP, Enel X e o BID. Segundo os organizadores esta lista é o resultado de uma "primeira onda de compromissos", que poderá ser ampliada.
São Paulo: mais 2.600 ônibus em 2021
A seção dedicada à cidade de São Paulo teve a participação de representantes da SPTrans, que apresentaram um cronograma para a transição dos coletivos na capital paulista. Eles explicaram que a Lei Municipal 16.802/2018 prevê a redução de 50% das emissões de carbono até 2028 e a eliminação das emissões até 2038. O compromisso da Prefeitura de São Paulo prevê a entrada de 2620 ônibus elétricos até o final de 2021 e o acréscimo gradativo de novos veículos elétricos, perfazendo o total de quase 13 mil ônibus sem emissões até 2034.
Ouça uma entrevista com Thomas Maltese, porta-voz do projeto, no podcast Expresso #30:
Leia também:
Programa vai acelerar transição para ônibus elétricos na América Latina (2020)
Entrevista: Gabriel Oliveira explica o projeto Zebra (2019)
Acordo busca zerar emissões no transporte público de São Paulo (2019)
Shenzhen, na China, a 1ª cidade a ter 100% dos ônibus e táxis elétricos (2018)