Reunidos em Buenos Aires, o chanceler argentino Felipe Solá e o ex-vice-presidente da Bolívia, Alvaro García Linera, avaliaram a ideia de retomar de imediato acordos comuns de infraestrutura, como a industrialização do lítio, levando em conta que o norte da Argentina e da Bolívia, junto com o Chile, passam a ser uma potência mundial na produção desse mineral. A América do Sul tem cerca de 70% das reservas mundiais de lítio, o metal usado em baterias recarregáveis de celulares e veículos elétricos, mas não dispõe da infraestrutura necessária para que o setor se desenvolva.
No encontro - segundo o jornalista Martín Dinatale, do periódico Infobae - discutiu-se a necessidade de que os dois países exijam que as empresas de mineração realizem o processo de industrialização do litio, de forma a gerar empregos localmente e também oferecer um produto final de maior valor agregado.
A Argentina tem a experiência de uma empresa italiana, que extrai o minério na região de Jujuy (norte da Argentina). Em 2018, a Seri Industrial formou uma joint venture com a estatal Jemse para construir uma fábrica e produzir células e cátodos de lítio, além de montar peças de bateria, mas o processo foi retardado após a eleição do presidente Alberto Fernández. Além disso, o projeto encontra a resistência dos agricultores da região, porque a mineração altera o ciclo natural das águas e prejudica os cultivos tradicionais.
A maioria das empresas da China, Coreia do Sul, Japão, Canadá, Austrália e Estados Unidos extrai o litio na região, mas transporta o material bruto para industrialização em seus países. O novo governo boliviano do presidente eleito Luis Arce pretende imprimir uma política protecionista à mineração do litio, com produção local e geração de empregos. Na reunião, Felipe Solá apontou a necessidade de reforço das relações Argentina-Bolívia, além da incorporação do país andino ao Mercosul como parceiro pleno.
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