Tarifa alta e crise no transporte desafiam candidaturas em Porto Alegre

Reduzir tarifa, melhorar qualidade dos ônibus e atrair usuários é desafio para candidatos na capital gaúcha

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil  |  Postado em: 27 de outubro de 2020

Ônibus no Centro de Porto Alegre

Ônibus em Porto Alegre: demanda por qualidade

créditos: Marcelo G. Ribeiro/JC


Cidade com a mais alta tarifa de transporte público (R$ 4,70), Porto Alegre enfrenta o desafio de reorganizar o transporte público da cidade para atrair os usuários perdidos. Assim, todos os cinco candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto para a prefeitura da cidade apresentam ideias e propostas para driblar a crise, melhorar a qualidade e reduzir o preço dos serviços.


Os programas de José Fortunati (PTB), Juliana Brizola (PDT), Manuela D'Ávila (PCdoB), Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e de Sebastião Melo (MDB) abordam, de forma mais ou menos profunda esse problema, agravado especialmente após a chegada da pandemia. As informações disponíveis nos programas registrados no TSE foram a base para a avaliação que realizamos das propostas para a capital gaúcha.


De forma geral, as propostas de Manuela D'Ávila (PCdoB) e Nelson Marchezan Jr.(PSDB) apresentam visões mais avançadas da mobilidade urbana não motorizada, com planos para estimular o uso da bicicleta e da caminhada, embora nenhum dos dois programas apresente metas objetivas - numéricas - de ciclovias, calçadas, ou para a expansão e melhoria do transporte público.


O programa de Manuela D'Ávila (PCdoB) defende a criação de um Fundo Municipal de Mobilidade, que seria alimentado por multas e taxas de estacionamento nas ruas da cidade. A candidata também defende a retomada de controle da Câmara de Compensação Tarifária (CCT) pela Prefeitura e a construção de um novo modelo para gestão do transporte público na cidade. Cita também a criação de um "cartão-mobilidade" e a busca de recursos para implantação de VLTs e BRTs. O texto pede a revisão do Plano de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, com a realização de uma pesquisa origem-destino e a retomada do Plano Diretor de Arborização Urbana, ação que pode beneficiar a circulação a pé na cidade. Aliás, o programa cita explicitamente a valorização da mobilidade a pé, com uma proposta para a renovação das calçadas na capital gaúcha, mas sem estabelecer metas ou locais para essa ação. Ainda na área de mobilidade ativa, a candidatura promete executar o Plano Cicloviário da cidade e sugere parceria com a iniciativa privada para acolher ciclistas nas lojas, shoppings e edifícios de escritórios.


O programa do prefeito atual, Nelson Marchezan Júnior, cita também ciclistas e pedestres, dentro do conceito de construir uma "cidade para pessoas", mas sem definir metas claras. Curiosamente, o programa de Marchezan não discute formas para mudar a gestão do transporte público, embora sua gestão à frente da Prefeitura de Porto Alegre tenha elaborado um ambicioso projeto para rever todo o sistema de ônibus da cidade, ainda em análise pela Câmara Municipal.  O texto do programa defende a priorização do transporte público, com a ampliação das faixas exclusivas para dar maior fluidez aos ônibus, além da aplicação de mais tecnologia no sistema de transporte, com a colocação de avisos digitais em novos abrigos de ônibus, que aliás já estão em contratação pela prefeitura. Defende, ainda a integração do transporte de Porto Alegre com o sistema de transporte metropolitano.

 

Mobilidade Sustentável: conheça as visões das candidaturas



A candidatura de José Fortunati sugere o estabelecimento de um "pacto para socorrer o transporte público", além da reativação de projetos de BRTs e a busca de financiamentos para novos modos de transportes, como linhas de VLTs. Sebastião Mello fala em "enfrentar a crise no transporte público com uma nova gestão do setor: mudanças nas linhas, horários alternados, subsídio, privatização, saneamento financeiro, fusões e aquisições de empresas".


Juliana Brizola passa ao largo da crise no transporte, mas é a única candidata a propor "obras viárias, dentro de um amplo plano de obras públicas". Cita, também, a possibilidade de estudar a implantação de sistema de trens urbanos. Outro ponto importante no programa é a criação de redes de transporte inteligente, com o uso intensivo de tecnologia nos sistemas de transporte público.


Todos os programas apontam o transporte hidroviário - no Guaíba - como uma opção a ser estudada pela gestão municipal, mas não oferecem detalhes sobre como  desenvolver essa modalidade de transporte. Outro aspecto comum a todas as propostas envolve a dinamização de algumas áreas da região central de Porto Alegre, como o Quarto Distrito, permitindo a criação de habitação e empregos nessas áreas, o que pode contribuir para melhorar a mobilidade em toda a cidade.


Por fim, a constatação de que nenhum dos programas trata explicitamente de políticas para a redução de acidentes e mortes no trânsito. Há apenas algumas citações de medidas de estímulo à mobilidade a pé e de melhorias na sinalização que apontariam para esse ponto frágil nas gestões de mobilidade em todo o país.

 

Se quiser, leia a íntegra dos programas de todos os candidatos:

Fernanda Melchiona (PSOL)  
José Fortunati (PTB)  
Gustavo Paim (PP)  
João Derly (Republicanos)  
Juliana Brizola (PDT)  
Julio Flores (PSTU)  
Luiz Delvair (PCO)  
Manuela Dávila (PCdoB)  
Montserrat Martins (PV)  
Nelson Marchezan Júnior (PSDB)  
Rodrigo Maroni (PROS)  
Sebastião Melo (MDB)  
Valter Nagelsteinalter (PSD)

 

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