Associações de ciclistas no Recife lançaram neste domingo (18) uma Carta de Mobilidade Sustentável, pontuando prioridades que esperam ver colocadas em prática pelos futuros prefeito e vereadores da capital pernambucana. O documento a ser entregue aos candidatos ao pleito deste ano foi assinado por 25 entidades, grupos e movimentos da capital.
Para mostrar à população as preocupações dos ciclistas e pedestres com a qualidade ambiental e segurança com a mobilidade nas ruas, os ativistas se reuniram neste final de semana no Marco Zero, no centro do Recife. Entre outros, estiveram presentes representantes de grupos como Ameciclo, União de Ciclistas do Recife, Recife Bici Polo e Pernambuco Bike Anjo.
A ação faz parte da campanha Mobilidade Sustentável nas Eleições 2020, de abrangência nacional e que busca auxiliar organizações da sociedade civil nas cidades brasileiras a pautarem o tema no debate eleitoral e nos programas de governo das candidaturas à prefeitura e à vereança.
Investimento na mobilidade
De acordo com a prefeitura do Recife, a cidade tem 140 km de rotas para bicicletas. Já a Pesquisa Origem-Destino, da prefeitura, aponta que pelo menos 85% da população da capital usa meios sustentáveis para se locomover, como caminhada, bicicleta e transporte público. A carta elaborada pelos ciclistas pede que 85% dos recursos destinados à mobilidade sejam investidos nesses modais.
Uma das integrantes da organização Bike Anjo, Bárbara Barbosa, explica que os seis pontos que compõem a carta foram listados para tentar agregar ao máximo as reivindicações de todos os envolvidos: "No nosso processo, a gente tem contato com vários grupos que pensam nessa mobilidade sustentável. Pensamos como conseguiríamos, sucintamente, juntar todo mundo e agregar. Conseguimos juntar tanto o pessoal que mora na periferia quanto quem anda a pé, quem anda de ônibus, e nós, que andamos de bicicleta", afirmou.
Já a administradora Claudiana Peixoto contou que a preocupação com a mobilidade urbana vai para além da bicicleta, meio de transporte que usa com frequência. Ela divide as pedaladas com as caminhadas, mas disse que estas estão cada vez mais difíceis devido à precariedade das calçadas do Recife. "Quando eu tenho possibilidade de ir andando de tênis, é mais tranquilo, mas, se eu precisar botar sapato, se tem um salto, eu não consigo caminhar. Não tem calçadas, tem buracos. A gente sai pulando buracos, com cuidado para não se machucar", declarou.
Confira os pontos do documento
1. Redução de mais da metade de mortes no trânsito: reduzir pela metade, no mínimo, o total de mortes decorrentes de colisões e atropelamentos no trânsito até 2024, tendo como base os números por local de ocorrência no ano de 2018, conforme o DataSUS;
2. Investimento de 85% dos recursos na mobilidade sustentável: investir pelo menos 85% dos recursos destinados à mobilidade nos modos ativos e coletivos de transporte, bem como na segurança no trânsito;
3. Aprovação rápida da Política Municipal de Mobilidade Urbana: colocar em regime de urgência na Câmara dos Vereadores do Recife a Política Municipal de Mobilidade Urbana e suas Políticas Setoriais para serem aprovadas ainda no primeiro trimestre de 2021, da forma como foram aprovadas no Conselho da Cidade do Recife;
4. Responsabilização pelas calçadas nas vias com transporte coletivo: passar a responsabilidade ao Poder Executivo Municipal da construção, ampliação e manutenção dos passeios públicos, de maneira progressiva ao longo do próximo mandato, priorizando a execução nas vias por onde passam o transporte coletivo;
5. Implementação do Plano Diretor Cicloviário: construir todas as estruturas previstas no Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife, no âmbito dessa capital, até fevereiro de 2024, tendo como prioridade a finalização em 2021 de 90 km das infraestruturas previstas nas vias arteriais, principais e secundárias, assim classificadas na Lei de Uso e Ocupação do Solo;
6. Faixas exclusivas de ônibus, onde houver ônibus: em todas as vias por onde passam pelo menos 40 ônibus por hora, em algum momento do dia, devem conter faixa exclusiva de ônibus até 2024.
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