Nesta próxima semana o Brasil e o mundo inteiro realizam uma série de atividades para lembrar a Semana de Mobilidade e o Dia Mundial Sem Carro. A data surgiu em 1997 para que as pessoas reflitam sobre os impactos ambientais que o excesso de automóveis trouxe às cidades de todo o mundo: poluição do ar, das águas, ocupação de muito espaço, ruído excessivo, acidentes violentos no trânsito e um gradativo afastamento das pessoas das ruas.
Carros são máquinas muito úteis para viagens, transporte de cargas, ou para atender a emergências médicas. Mas não faz muito sentido sair com um veículo pesado, com mais de mil quilos, para transportar uma ou duas pessoas, o que é muito comum nas cidades e não apenas aqui no Brasil.
As autoridade relutam em mudar esse panorama, porque sofrem uma forte oposição de interesses econômicos ligados à cadeia produtiva do automóvel, mas também das pessoas motorizadas, que se sentem "traídas" quando uma prefeitura instala uma faixa exclusiva de ônibus ou uma ciclofaixa, impedindo o estacionamento "gratuito" nas ruas. Essa resistência é comum em todos os lugares, e mesmo em Copenhague ou em Berlim - cidades que começaram essa mudança há mais de vinte anos -, uma parcela dos motoristas esperneia muito quando as autoridades "roubam" qualquer espaço ao trânsito motorizado.
Afinal, durante todo o século 20 vendeu-se a ideia de que ao comprar um carro se ganhava o direito de usar as ruas, pontes viadutos e túneis para circular e parar seu veículo, sem mais ônus. E com isso, pedestres, ciclistas, cadeirantes, idosos e crianças foram perdendo espaço nas ruas.
Nesta edição do Expresso, ouvimos Aline Cavalcante, presidente da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), que falou sobre a demora da prefeitura paulistana, e de várias cidades do Brasil, em recompor a sinalização de solo quando ocorrem obras de recapeamento no asfalto. Por que não colocar uma sinalização provisória nos locais em obras?, sugere Aline.
Pedestres, ciclistas, ônibus, veículos de carga e carros fazem parte de um sistema que precisa ser equalizado, reequilibrado, para melhorar as condições para quem quer andar, pedalar e, principalmente usar o transporte público. Para discutir esse assunto, nós conversamos com Rodrigo Tortoriello, Secretário Extraordinário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre. Afinal, a capital gaúcha está propondo uma série de modificações na gestão do transporte público com o objetivo de melhorar a qualidade e reduzir o custo para os usuários.
A ideia central é taxar os carros particulares para financiar o transporte público. O secretário explicou que a prefeitura está ampliando as faixas exclusivas de ônibus de Porto Alegre, ação que é muito bem recebida pelos usuários, mas que provoca certa rejeição aos motoristas. Tortoriello também falou sobre os planos de expansão das ciclovias de Porto Alegre, assunto que se arrasta há muitos anos sem grandes avanços.
Quer saber mais? Ouça o Expresso
O Expresso Mobilize é produzido pelo Mobilize Brasil com o patrocínio do banco Itaú. A produção conta com Marília Hildebrand, Regina Rocha, Ricky Ribeiro e Marcos de Sousa, além da locução luxuosa de Mariana Amaral, que fez a vinheta de abertura.
Leia também:
Quer mais mobilidade sustentável? Vamos pressionar os candidatos!
Montadoras tentam adiar produção de veículos menos poluentes
Porto Alegre: pacote prevê taxa de R$ 4,70 para carros no Centro
Metrô de Doha inova em design para atrair pessoas ao transporte público
Mobilidade urbana e e o peso insustentável da especulação imobiliária