Em março, Bogotá chamou a atenção global ao criar uma rede de ciclovias emergenciais de 84 km para ajudar trabalhadores essenciais a se locomoverem durante os primeiros dias da crise de covid-19.
Como em iniciativas semelhantes em Paris, Milão e muitas cidades europeias, a rápida ação da capital colombiana que abriu espaço para bicicletas e pedestres foi elogiada por defensores da mobilidade sem carros.
Mas a prefeita Claudia López, uma ciclista de carteirinha, pode estar apenas começando. Ela conta com uma vasta expansão das ciclovias como a melhor maneira de os residentes de Bogotá caminharem em direção ao futuro. Em fevereiro, López anunciou que o plano de desenvolvimento da cidade para os próximos quatro anos acrescentaria um total de 280 km de ciclovias à rede existente de 550 km.
Atualmente, quase 7% do total dos deslocamentos em Bogotá são realizados em bicicletas, mais do que em qualquer outro país da América Latina. Mas a cidade almeja muito mais: a meta de longo prazo é ter 50% do total de viagens feitas em bicicletas ou alternativas de micromobilidade, como patinetes.
“Se conseguirmos usar nosso momento, nossa voz e nossa representação agora para contra-atacar o carro, será um grande ganho político e ambiental”, disse López em recente webinar organizado pelo Fundo de Defesa Ambiental.
BRT TransMilenio
É uma grande meta para a cidade situada no alto da Cordilheira dos Andes. Com cerca de 8 milhões de habitantes, Bogotá é diferente de muitas outras metrópoles da América Latina: não tem sistema de metrô. Os passageiros dependem de um extenso sistema de ônibus de trânsito rápido, o TransMilenio, que responde por cerca de 40% das viagens da cidade em conjunto com outras formas de transporte público.
Mas isso deixa muitos outros passageiros com a opção de usar carros particulares. E com ruas estreitas e bairros compactos, o trânsito de Bogotá é épico. No ano passado, a cidade ocupou o primeiro lugar entre as cidades mais congestionadas do mundo: motoristas perdem 191 horas por ano devido a congestionamentos, de acordo com a Inrix, empresa de análise de dados de tráfego. Graças às emissões dos veículos, Bogotá também é a quarta cidade mais poluída entre as capitais latino-americanas, de acordo com relatório anual de 2019 da consultoria suíça IQAir.
A pandemia criou uma urgência em torno do projeto de repensar as ruas de Bogotá. Embora 65% das famílias não tenham carro, 85% do espaço público da cidade é atualmente usado por veículos motorizados, disse Nicolás Estupiñán, secretário de mobilidade de Bogotá, em webcast em junho. “Precisamos fornecer ainda mais infraestrutura” para as bicicletas, disse Estupiñán, “e redistribuir ainda mais esse espaço público para que possamos garantir que as pessoas possam se locomover com segurança”.
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