Rampas de acesso a pessoas com deficiência já eram uma preocupação na Grécia Antiga. É o que aponta um novo estudo da Universidade Estadual da Califórnia, nos Estados Unidos, publicado no último dia 21 de julho no periódico Antiquity.
Em entrevista à revista Science, a arqueóloga Debby Sneed, autora do estudo, disse que essas pontes já eram conhecidas por cientistas, mas que nunca receberam a devida importância porque as pessoas tendem a pensar que os gregos eram musculosos e aptos. Outra teoria era de que essas construções serviam para sacrificar animais.
Mas, segundo Sneed, há muitas pistas de que a realidade não era bem essa. Algumas esculturas e vasos descobertos anteriormente mostram que habitantes apoiavam suas bengalas ou muletas nessas rampas. Evidências esqueléticas também revelam que artrite e doenças articulares eram comuns entre os gregos.
Sneed procurou rampas nos santuários da Grécia Antiga, vasculhando relatórios de escavação publicados e visitando pessoalmente dezenas desses locais. Ela se concentrou no século 4 a.C., quando os santuários de Asclépio surgiram. A arqueóloga descobriu que os dois santuários mais documentados eram equipados com mais rampas do que outros locais, e que elas davam acesso inclusive a outros edifícios.
Embora cadeiras de rodas não existissem naquela época, os visitantes que não podiam andar precisavam ser carregados em macas. Isso sem contar aqueles que usavam bengalas ou muletas. A maior pista veio da distribuição desigual das rampas. O enorme santuário de Zeus em Olympia, por exemplo, possui só duas rampas.
Mas no Epidauro, há 11 rampas de pedra em nove edifícios separados. Outro templo menor, perto de Corinto, também apresentava amplo acesso a rampas. "A distribuição é bastante clara: eles aparecem em lugares onde há mais pessoas com deficiência", dz a arqueóloga à Science.
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