Dentre os 20 projetos que serão encaminhados pela prefeitura à Câmara de Vereadores, nos próximos dias, há novas propostas para reverter a atual situação do transporte público de Porto Alegre. Após tentar aprovar no início do ano, sem sucesso, uma série de medidas para o setor, o Executivo fez mudanças em busca de apoio dos parlamentares.
Uma das ideias do antigo pacote previa uma espécie de pedágio para veículos que entrassem na cidade, como forma de custear o transporte coletivo. A proposta gerou polêmica e foi contestada por vereadores e por prefeitos de municípios próximos à Capital.
Agora, o novo projeto da prefeitura deve prever que os veículos paguem um valor para circular pelo Centro, e não para acessar Porto Alegre.
"Quando apresentamos a proposta no ano passado, eram entradas da cidade, e os vereadores se manifestaram dizendo que não era correto, mas que já havia modelos de tarifação em centros de outras cidades e, que se fosse assim, aceitariam. Estamos alterando o projeto. O número de veículos diminuiu, então não temos isso formatado ainda. Mas devemos encaminhar na semana que vem a retificação dos projetos que estão lá. É muito preliminar", disse o prefeito Nelson Marchezan (PSDB), em entrevista ao Gaúcha ZN nesta quinta-feira (4).
Cai número de usuários
Para o prefeito, esta ideia é uma maneira de fazer o transporte coletivo sobreviver à crise, sem sobrecarregar o usuário. Nesta semana, a média de passageiros caiu para 150 mil por dia – há três meses, antes da pandemia, eram pouco mais de 450 mil.
"Não podemos imaginar que o usuário de ônibus vá pagar o transporte coletivo. Porto Alegre sempre escolheu que o usuário mais pobre pague. Temos duas alternativas: ou tiramos do Tesouro ou de algum lugar que alguém possa mais."
Poluição
A cobrança seria feita por meio de fiscalização eletrônica em ruas principais que levam ao Centro, como a Mauá e a Perimetral (próximo à Câmara Municipal). O entendimento da prefeitura é que, na área central, a circulação de veículos gera ainda mais poluição em uma região que já sofre com este problema.
Conforme Machezan, haverá uma audiência de conciliação nesta quinta-feira que envolve empresas de ônibus, prefeitura e Judiciário. O prefeito considera que a legislação atual é "arcaica e ultrapassada".
"[Nossa proposta é] fazer uma limpa na legislação, aprovar projetos na Câmara e buscar um grande acordo. Nossa ideia é combinar com o Tribunal de Contas, empresas e Judiciário para fazer uma nova licitação daqui a dois anos, quando teremos outro prefeito e outra visão mundial de transporte coletivo. Até lá, (a ideia é) fazermos um grande acordo, esquecendo a legislação, esquecendo o contrato, e combinando o que é necessário fazer", concluiu o prefeito.
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