Caminhar e pedalar são as alternativas de transporte mais adequadas para as cidades durante a pandemia do coronavírus, mas o transporte público de massa parece ser insubstituível. Na China, primeiro país a sofrer os efeitos da Covid-19, houve um crescimento expressivo de bicicletas nas ruas, especialmente as bikes públicas compartilhadas. Os três maiores sistemas de bike-share de Beijing, por exemplo, registraram um aumento de 150% no número de viagens e também um crescimento no número de viagens com mais de 3 km, que antes eram feitas por meio de transporte público ou táxi.
Forma desejada de mobilidade: evolução de janeiro ao final de março de 2020 Fonte: ITDP China e Amap´s
Os dados foram revelados em um webinar realizado hoje (28) pelo ITDP-China. No encontro, o diretor do ITDP, Richard Liu, explicou que essa operação com as bicicletas foi rigorosamente planejada: tão logo se notou a gravidade da crise, os governantes locais de cada cidade convocaram as empresas de bicicletas compartilhadas e organizaram um sistema de reserva de bikes para os profissionais que atuam em serviços essenciais, especialmente os trabalhadores da saúde, que precisavam evitar o uso do transporte público.
No entanto, nas maiores cidades chinesas - o país tem 30 cidades com mais de 1 milhão de habitantes - houve também uma migração muito forte de passageiros para o carro particular, táxis e carros de aplictivos. Mesmo assim o trânsito se manteve mais calmo do que nos dias normais, permitindo que pedestres e ciclistas pudessem circular com segurança e com ar mais puro, dada à redução das emissões de poluentes.
Migração de viagens, antes da pandemia e em março de 2020 Fonte: ITDP China
Os gráficos mostram também um expressivo crescimento no volume de pessoas que optaram por simplesmente caminhar. Já em maio, saindo da crise, as pessoas tendiam a voltar a circular com seus modos convencionais, com um forte retorno aos sistemas de transportes públicos.
Dois momentos na China: março e maio de 2020 Fonte ITDP China
Ouça a gravação do webinar (https://www.itdp.org/event/chinese-cities-today-modal-shifts-private-sector-responses/), que também teve a participação de Shuai Ren, da DiDi Global, operadora de aplicativos de carros e atual proprietária do app 99.
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