Para prevenir o avanço da pandemia de Covid-19, a fabricante de ônibus Marcopolo está testando um sistema de divisórias que funciona como uma barreira de proteção para motoristas e cobradores.
Trata-se de uma barreira física para o condutor e cobrador, que reduz a possibilidade de contágio da doença porque impede a transmissão e o contato com as gotículas expelidas durante a fala, tosse ou espirro. Os painéis envolvem a área de trabalho desses profissionais, expostos diariamente à grande circulação de pessoas, garantindo proteção também para os passageiros.
O objetivo foi conceber um sistema que oferecesse a motoristas e cobradores proteção adicional aos EPIs, como as máscaras individuais recomendadas pelos órgãos de saúde e governamentais. A escolha pelo vidro como material a ser utilizado se deu devido à sua superfície lisa e facilidade de limpeza e higienização. “Materiais como o acrílico sofrem degradação acelerada quando em contato com álcool que é um dos produtos normalmente utilizados na higienização”, explica o gerente de Engenharia da Marcopolo, João Gabriel Magnabosco. Ele lembra que a solução foi desenvolvida em parceria com a operadora Visate, de Caxias do Sul, que também está testando um ônibus adaptado com o sistema.
“O desenho foi pensado para ônibus urbano com motor dianteiro, que é a grande maioria da frota circulante no país. Mas, por ser uma solução flexível e modular, poderá ser adaptado e instalado em diferentes carrocerias, inclusive de gerações anteriores. A parte do cobrador é adaptável para qualquer ônibus e a do motorista depende de um projeto específico para cada modelo”, destaca o executivo. O novo sistema de proteção será comercializado em forma de um kit, com possibilidade de montagem e adaptação rápida nos ônibus em circulação em todo o Brasil.
Empresas de ônibus de todo o país têm procurado formas de proteger seus funcionários da contaminação pelo coronavírus. Máscaras, luvas e outros equipamentos de proteção são obrigatórios, mas em muitos casos as companhias encontraram soluções improvisadas, como a colocação de películas ou cortinas plásticas transparentes nos postos de trabalho dos operadores. Em Aracaju, por exemplo, ante a falta de máscaras, a Setransp autorizou a colocação de barreiras plásticas para proteger os motoristas (foto).
Aracaju: Película plástica para proteção Foto: SetranSP/Aju
Sistema para desinfecção
No final de abril, a Marcopolo Next, em parceria com a Aurratech, apresentou um sistema que projeta uma névoa biocida em estado de “nano partículas” no interior dos coletivos para impedir a disseminação de vírus. A aplicação, segundo a empresa, demora cerca de 20 minutos, com durabilidade de três dias. O produto é aplicado após a limpeza padrão e normal dos ônibus, de forma a tornar o transporte coletivo mais seguro a contaminações virais. O produto é inofensivo para o organismo humano, segundo a empresa.
Outras soluções têm sido buscadas por operadores de transportes em todo o mundo. Na Coreia, um robô dispersa nuvens de produtos higienizadores ao final de cada viagem de um trem do metrô. Estações de metrô de São Paulo estão recebendo "túneis de desinfecção", que proporcionam a higienização rápida de passageiros e funcionários por meio de nuvens de produtos químicos. Outras tecnologias, como a radiação UV-C também estão sendo testadas em São Paulo e em Nova York.
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