Cerca de 20 sugestões ao projeto do VLT da W3, em Brasília, foram apresentadas ontem (14) pelas pessoas que acompanharam a audiência pública realizada on-line pela Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (Semob). O evento mostrou e discutiu apenas uma parte das sugestões e comentários enviados, mas a Semob promete responder e considerar todas as mensagens que forem recebidas até o dia 30 de abril pelo endereço consultavlt@semob.df.gov.br.
Os estudos de viabilidade e as minutas de edital e contrato que subsidiarão a futura licitação da parceria público-privada foram apresentados em detalhe na audiência pública, incluindo comentários sobre a visível degradação urbana ao longo do eixo da avenida W3, com a presença de vários imóveis comerciais fechados.
Audiência gravada e disponível no youtube
De acordo com a apresentação, o futuro sistema de transporte público deverá ser implantado em três fases. Na primeira fase, o VLT contará com 24 estações ao longo de 16,3 km de vias, entre a Hípica (ao sul) e o Terminal da Asa Norte, próximo ao Noroeste, passando pela via W3 Sul e Norte. Na segunda fase, com extensão de 6,1 km, o VLT ligará a Hípica ao Aeroporto JK e terá 4 estações. A terceira será a urbanização dos acessos ao VLT, no Plano Piloto.
No horário de pico, a previsão para a primeira fase é de um trem a cada quatro minutos, com 19 veículos em circulação. O VLT deverá ser integrado aos sistemas de ônibus e metrô, por meio de uso dos Cartões de Mobilidade. Haverá uma estação a cada duas quadras das Asas Sul e Norte. Cada composição terá capacidade para transportar de 450 a 560 pessoas, com velocidade mínima de 21 km por hora e máxima de 70 km por hora.
Projeção da revitalização programada para a W3
O projeto de implantação do VLT irá proporcionar a revitalização da via W3, inclusive dos becos entre os blocos comerciais das quadras 500 Sul e Norte. Além do urbanismo, um dos objetivos é dar segurança às pessoas no trajeto que poderão percorrer a pé, de bicicleta ou de patinete, antes ou depois da viagem no VLT. A terceira fase da obra prevê a urbanização e construção de ciclovias para facilitar a circulação entre as quadras 600 e 900 Sul e Norte, no Plano Piloto. As estações do VLT serão próximas aos estacionamentos da W3, facilitando também o acesso às quadras comerciais.
O estudo aponta que 90% dos passageiros de transporte público que acessam a W3 são oriundos de outras regiões administrativas. O projeto prevê a retirada de 221 linhas de ônibus da W3, permanecendo somente linhas circulares do Plano Piloto. Com isso, a via deixará de receber cerca de 1.600 ônibus por dia. Os passageiros que vierem de outras regiões administrativas para o Plano Piloto, deverão fazer integração nos terminais e estações das Asas Sul e Norte, ou na Rodoviária do Plano Piloto.
A obra tem custo previsto de R$ 2.061.456.361,24, em valores de julho de 2019. A concessão será por meio de concorrência, e o vencedor da licitação em lote único será responsável desde o projeto executivo, a execução da obra, as instalações, equipamentos, operação manutenção do sistema durante o prazo de 30 anos.
O vencedor da licitação, conforme proposto no estudo, será o que oferecer o menor valor de contraprestação, que é a mensalidade a ser paga pelo governo ao concessionário para complementar o custo do transporte. O estudo avalia que a contraprestação será em torno de R$ 16 milhões na primeira fase, podendo chegar a R$ 20 milhões mensais após a terceira fase. Os estudos trazem, ainda, as qualificações jurídicas e técnicas, além da capacidade financeira das empresas que pretenderem se habilitar para a concorrência.
Audiência e consulta pública
A audiência pública sobre o VLT foi realizada pela Semob por meio eletrônico, transmitida ao vivo entre 10h e 12h15. Nesse período, mais de 500 pessoas acessaram o canal de transmissão. A audiência recebeu as contribuições de cerca de 35 pessoas ou instituições, inclusive de outros estados.
Durante a audiência, foram comentadas e respondidas 20 contribuições. Uma delas é sobre a estação de integração entre o BRT e o VLT, na saída sul, próximo ao aeroporto. Em vez de construir uma nova estação, foi sugerida a utilização da Estação do BRT no ParkWay (Floricultura). Outra questão referia-se às condições das calçadas e da implantação de ciclovias na própria avenida e nas vias que chegam às paradas do futuro VLT.
Os estudos e as minutas de edital e contrato permanecem disponíveis para Consulta Pública até o próximo dia 30 de abril, no site oficial da Secretaria. Os interessados em enviar contribuições deverão utilizar o formulário próprio e enviar para o endereço consultavlt@semob.df.gov.br.
O estudo de viabilidade está sendo debatido também com os órgãos ambientais, de controle e de segurança do Distrito Federal. Todas as contribuições serão avaliadas para adequação do projeto. Em seguida, a implantação do VLT será submetida à avaliação do Tribunal de Contas do DF. Ainda não há previsão de data para lançamento do edital.
Veja mais imagens do projeto para o VLT de Brasília
Leia também:
VLT de Brasília terá audiência pública nesta terça. Via Internet
Para combater a pandemia, Oakland, nos EUA, abre ruas a pedestres
Que cidades queremos construir pós-pandemia?
Menos trânsito, menos acidentes, mais hospitais livres!
O desafio da mobilidade em tempos de Covid-19