Metrô não reabre bicicletários, apesar da recomendação de Doria

Governador de S.Paulo queria a reabertura dos locais para guarda de bikes, de forma a facilitar a intermodalidade metrô-bicicleta. Companhia alega falta de funcionários

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil  |  Postado em: 27 de março de 2020

Bicicletário na Estação Butantã, Linha Amarela

Bicicletário na Estação Butantã, Linha Amarela

créditos: Clóvis Ferreira/Digna Imagem/CCR

A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) decidiu não reabrir os bicicletários nas estações do sistema, conforme havia recomendado o governador João Doria, em entrevista coletiva realizada ontem (26). Respondendo a uma questão da jornalista Maria Manso, da TV Cultura, Doria respondeu que não sabia do fechamento das instalações para bicicletas e que recomendaria ao secretário Alexandre Baldy que procedesse à reabertura.

 

O governador aproveitou a questão para cumprimentar os trabalhadores ciclistas, "que estão cumprindo um papel importantíssimo" durante a crise na saúde pública, levando alimentação, medicamentos e pequenas encomendas às pessoas que cumprem a recomendação de ficar em casa.

 

Ainda ontem o Mobilize fez contato com o Palácio do Bandeirantes para entender como e quando seria feita a reabertura dos bicicletários. À noite, recebemos uma nota da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, informando:

 

"Com a redução no quadro de funcionários que estão nos grupos de risco, segundo decreto do Governo Estadual, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) optou, neste momento, pelo fechamento dos bicicletários localizados nas estações e terminais da CPTM, EMTU e Metrô. 

 

Decisões como essa, assim como o fechamento dos acessos secundários e adequação da operação, são analisadas a cada dia e de acordo com o quadro de funcionários disponíveis, para garantir a prestação de serviço para as pessoas que precisam do deslocamento em massa.

 

A luta contra o coronavírus é de todos e esperamos logo retornar à normalidade. Enquanto isso, está à disposição dos passageiros o uso dos paraciclos, suporte para fixação de bicicletas disponíveis nas estações" (nota da redação: fora das estações).

 

Hoje (27) pela manhã recebemos contato telefônico da assessoria do governador, reiterando o conteúdo da nota e explicando que se trata da posição deste momento, mas que a orientação poderá ser alterada nos próximos dias caso  haja maior disponibilidade de funcionários no Metrô para operar os bicicletários.

 

Fechamento de bicicletários
A crise gerada pela pandemia do coronavírus colocou em relevo o processo de fechamento de uma série de bicicletários antes existentes nas estações do Metrô. Nos ultimos anos, o Metrô fechou bicicletários nas estações Santana, Liberdade e Anhangabaú, Santa Cecília e Vila Madalena, entre outras. Em fevereiro passado, dois bicicletários operados pela empresa Tembici também foram eliminados nas proximidades das estações Paraíso e Consolação, na região da avenida Paulista.

 

Intermodalidade
A questão do fechamento dos bicicletários foi levada à jornalista Maria Manso pela documentarista (e ciclista) Denise Silveira, que também é colaboradora do Mobilize. Denise entende que os bicicletários podem funcionar como elo para a intermodalidade entre ciclovias e sistemas de transporte de massa, especialmente para os trabalhadores que vivem em bairros mais distantes, e que atuam em atividades consideradas essenciais. 

 

Em vez de circularem por ônibus lotados, correndo o risco de transmissão do coranavírus, explica Denise, essas pessoas teriam a possibilidade de chegar até os terminais de metrô e trens urbanos usando bicicletas - próprias ou compartilhadas - em deslocamentos mais saudáveis e de menor impacto para a cidade, tal como adotado na cidade de Bogotá, na Colômbia.

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