Bogotá expande ciclofaixas em estratégia contra o coronavírus

Capital da Colômbia implanta 117 km de ciclofaixas temporárias para estimular as pedaladas, na tentativa de diminuir os riscos de contágio no transporte público

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Fonte: Associated Press  |  Autor: Christine Armario/ Mobilize (tradução)  |  Postado em: 20 de março de 2020

Capital colombiana abre novas ciclovias para conte

Capital colombiana abre novas ciclovias para conter o vírus

créditos: @nico_estupinan

Lave suas mãos e tente ficar em casa. Mas, se você precisar sair, considere pegar uma bicicleta. Essa é a mensagem que a prefeitura de uma das cidades mais populosas da América Latina, Bogotá, está divulgando a seus habitantes, numa tentativa inovadora de impedir a propagação do novo coronavírus.

 

São cerca de 117 km de novas vias temporárias para bicicleta, implantadas na capital colombiana esta semana. A expectativa das autoridades é reduzir o congestionamento no trânsito, e também o contato pessoal no sempre lotado sistema de ônibus TransMillenio (BRT).

 

A prefeita Claudia López explica que a cidade está enfrentando uma "ameaça tripla": má qualidade do ar, doenças respiratórias sazonais e agora o coronavírus, que se for combinado aos problemas existentes irá causar uma corrida aos postos de atendimento de urgência e poderá colapsar o sistema de saúde do município.

 

"Não podemos suportar essa pressão", declarou López aos habitantes de Bogotá em vídeo postado no Twitter. Na segunda-feira, a prefeita apareceu nas redes sociais em foto usando bicicleta, enquanto se dirigia a uma entrevista coletiva. “Esta é uma ótima ocasião para caminhar e pedalar mais!”, ela escreveu.

 

Da população de cerca de 7,7 milhões de pessoas, 85% andam a pé, de bicicleta ou de ônibus em Bogotá, segundo dados do governo. Já o problema da poluição levou a cidade, nas últimas semanas, a acionar o "alerta amarelo" após as estações de monitoramento do ar detectarem altos níveis de partículas trazidas pelo vento de outras regiões com incêndios florestais.

 

Bicicleta vs coronavírus

Com uma ampla infraestrutura cicloviária, de cerca de 550 km de ciclovias, a capital da Colômbia conta também, aos finais de semana, com um programa que fecha as principais avenidas aos carros, dando lugar às bicicletas.

 

Agora, as autoridades esperam que as novas ciclofaixas estendidas possam servir para evitar ao menos em parte a onda de infecções por coronavírus que assola o mundo.

 

Mapa da rede cicloviária de Bogotá, com as ciclofaixas temporárias assinaladas em amarelo. Imagem: Reprodução/ Prefeitura de Bogotá

 

"A bicicleta pode desempenhar um papel vital numa situação como essa", acredita a ciclista Andrea María Navarrete Mogollón, que gostou da ideia e fará uso das novas rotas para bicicleta.

 

Até a tarde desta quarta-feira (18), Bogotá tinha 42 casos confirmados de pessoas infectadas pelo coronavírus (em toda a Colômbia, os casos são 93). Assim como em vários países, os especialistas de saúde colombianos acreditam que o número terá um aumento exponencial nas próximas semanas.

 

A Colômbia adotou medidas rigorosas para impedir a disseminação do coronavírus: impediu a entrada de estrangeiros no país, fechou escolas em todo o país e ordenou toque de recolher em vários estados.

 

O incentivo ao uso da bicicleta pode ajudar?

"Vai depender dos números", avalia Carlos Espinal, diretor do Global Health Consortium da Universidade Internacional da Florida (EUA). Segundo o médico, sua eficácia vai depender da proporção da população que adotar essa e outras medidas divulgadas pelas autoridades. 

 

No primeiro dia das novas ciclovias estendidas, o gabinete da prefeitura informou que o número de usuários do BRT TransMillenio caiu 23% durante o período da manhã - embora o declínio também possa ser atribuído à campanha incentivando as pessoas a ficarem em casa - e foram observados ciclistas usando as novas rotas para bike, principalmente na hora do rush da manhã e da noite.

 

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