Transporte, energia e o meio ambiente

C40 acontece em São Paulo e coloca em pauta assuntos como transporte público, energia renovável e sustentabilidade.

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 |  Autor: Marcelo Cardinale Branco / O Globo  |  Postado em: 02 de junho de 2011

C40 Large Cities

C40 Large Cities

créditos: Divulgação

Este é o propósito da 4ª Conferência sobre Mudanças Climáticas de Prefeitos da Rede C40, que desde ontem reúne em São Paulo 40 das maiores cidades do mundo, além de 19 afiliadas, que têm programas sobre o tema. Alternativas energéticas, financiamento sustentável e saúde pública são temas que serão abordados por especialistas e gestores até amanhã.

O Brasil, representado pelas cidades-membros São Paulo e Rio de Janeiro e pela afiliada Curitiba, contribui em vários painéis e mesas-redondas. Entre os temas em que essas cidades trabalham está o transporte urbano e a poluição atmosférica. Em São Paulo, 90% da poluição atmosférica vêm de veículos. Duas grandes diretrizes devem ser pensadas quando se deseja mitigar esse problema: mudar a matriz energética poluidora dos veículos e ampliar a mobilidade, com consequente aproveitamento energético mais eficiente.

Em São Paulo, além da Lei Municipal de Mudanças Climáticas (14.933/09), a cidade conta com o PCPV — Plano de Controle de Poluição Veicular, instrumento que fixa diretrizes e reforça as ações nessa direção. As suas linhas básicas de atuação são: mudanças de infraestrutura, restrições de tráfego, priorização do transporte coletivo, utilização de novas tecnologias limpas e inspeção veicular.

Facilitar a fluidez tem relação direta com a questão ambiental. O aumento da velocidade média diminui o consumo e a emissão. No trânsito paulistano, um ônibus fora de corredor anda em média a 12km/h. Se estiver em um corredor seletivo, a velocidade média sobe para 20km/h, possibilitando a diminuição do consumo em 20% e a emissão de poluentes em 40%. A cidade busca, por diversos projetos e intervenções, aumentar a velocidade comercial do transporte público.

No entanto, hoje, na cidade de São Paulo, 45% dos deslocamentos motorizados são realizados por transporte individual. Costume que precisa mudar. Enquanto 127 carros de passeio transportam em média 190 pessoas, dois ônibus comuns ou um biarticulado conseguem transportar o mesmo número de usuários ocupando muito menos espaço nas vias. Por isso, a priorização do transporte coletivo é a linha-mestra para novas ações. Somado a isso, até 2012 serão investidos pela prefeitura de São Paulo R$2 bilhões em metrô, em parceria com o estado.

A Lei Municipal de Mudanças Climáticas prevê que toda a frota de ônibus da cidade esteja utilizando combustíveis renováveis até 2018. Por isso, foi criado o programa Ecofrota. Desde fevereiro de 2011, 1.200 ônibus circulam com B20, diminuindo em 22% a emissão de material particulado e 20% de gás carbônico (CO2) de origem fóssil. Além disso, 50 novos ônibus a etanol estão entrando em circulação. Eles reduzem em 90% a emissão de material particulado, em 64% de NOx (óxido de nitrogênio) e em 80% de CO2 de origem fóssil. E testes estão sendo feitos com veículos híbridos (movidos a diesel e eletricidade) e com biodiesel de cana-de-açúcar.

A prefeitura prepara a renovação da infraestrutura e da frota de trólebus, sistema que é extremamente eficiente sob o ponto de vista ambiental e energético. Enquanto um ônibus a diesel tem uma eficiência energética de cerca de 30% (um desperdício de dois terços da energia), num trólebus ela pode chegar a 90%.

São Paulo investe ainda na prevenção da poluição gerada pelos carros particulares. O programa de Inspeção Veicular, criado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, obriga os proprietários a manter seu carro regulado, diminuindo as emissões de gases poluentes.

O que está em jogo é a sobrevivência do planeta, independentemente de fronteiras e de correntes políticas. E o C40 surge como oportunidade única para a troca de experiências entre as megacidades. Nesse cenário, São Paulo já tem resultados para enriquecer a discussão.

 

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