População que usa o trem do Subúrbio não pode pagar ônibus, diz MP

Com obras do monotrilho, trens usados por população a R$ 0,50 vão parar de funcionar. MP-BA fez estudo socioeconômico, abriu ação na Justiça e pede solução ao governo

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Fonte: Rádio Metrópole/ MPBA  |  Autor: Juliana Almirante  |  Postado em: 06 de março de 2020

Trem de subúrbio atende a população há anos, por R

Trem de subúrbio atende a população há anos, por R$ 0,50

créditos: Daniele Rodrigues/Sedur

Levantamento divulgado ontem (5) pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) apontou que a maioria das pessoas que utiliza os trens do subúrbio de Salvador não tem renda suficiente para pagar a passagem de ônibus, que custa R$ 4 e deve aumentar pra R$ 4,20.

 

Ocorre que o modal ferroviário, que tem passagem no valor de R$ 0,50, está previsto para parar de funcionar por conta das obras do VLT, que passará a operar na linha atual por sistema de monotrilho. 

 

O MP-BA abriu uma ação na Justiça para que serviço não pare de operar até que seja encontrada uma solução para os passageiros dos trens.

 

A pesquisa mostra que quase metade dos usuários que usam os trens ganha, em média, R$ 284 mensais. À época do levantamento, 42% deles ganhavam menos que um quarto do salário mínimo e estavam abaixo da linha da pobreza. 

 

Segundo o estudo, o gasto mensal com transporte saltaria de R$ 20,00 para R$ 160,00, considerando duas viagens por dia útil (ida e volta) a tarifas de R$ 0,50 (do trem) e R$ 4,00 (monotrilho).

 

Monotrilho

De acordo com o governo do estado, o monotrilho seria inaugurado com tarifa de 3,70. No entanto, o questionário aplicado aos passageiros aponta que 46% deles não teriam condições de usar o transporte por causa do preço.

 

Os trens ferroviários, fabricados há mais de 50 anos, apresentam problemas recorrentes no funcionamento e a manutenção é cara e complexa. Por isso, a decisão do governo pela construção do monotrilho.

 

Em audiência no MP, realizada ontem (5), a promotora de Justiça de Habitação e Urbanismo Hortênsia Pinho explicou que o estudo fundamentou ação civil pública em que se pede à Justiça para que o serviço do trem não seja paralisado até serem apresentadas medidas compensatórias e mitigadoras do impacto socioeconômico da futura instalação do monotrilho, cujo projeto é de R$ 2,5 bilhões. 

 

Segundo a promotora, o contrato firmado entre o governo do Estado e o Consórcio Skyrail, composto pelas empresas BYD Brasil e Metrogreen, não previu medidas de compensação e desconsiderou qualquer impacto da perda de um trem que há 15 anos oferece acessibilidade e mobilidade para milhares de pessoas, por meio da tarifa de R$ 0,50.

 

Trem do subúrbio

O atual sistema de trens de subúrbio de Salvador, administrado pela CTB (Companhia de Transportes do Estado da Bahia), liga a Cidade Baixa ao Subúrbio Ferroviário da cidade (linha Calçada-Paripe), tem dez estações e 13,5 km de extensão.

 

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) informou que ainda vai analisar os dados apresentados pelo MP-BA e afirmou que a apuração será criteriosa, no que diz respeito à responsabilidade social.

 

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