Levantamento divulgado ontem (5) pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) apontou que a maioria das pessoas que utiliza os trens do subúrbio de Salvador não tem renda suficiente para pagar a passagem de ônibus, que custa R$ 4 e deve aumentar pra R$ 4,20.
Ocorre que o modal ferroviário, que tem passagem no valor de R$ 0,50, está previsto para parar de funcionar por conta das obras do VLT, que passará a operar na linha atual por sistema de monotrilho.
O MP-BA abriu uma ação na Justiça para que serviço não pare de operar até que seja encontrada uma solução para os passageiros dos trens.
A pesquisa mostra que quase metade dos usuários que usam os trens ganha, em média, R$ 284 mensais. À época do levantamento, 42% deles ganhavam menos que um quarto do salário mínimo e estavam abaixo da linha da pobreza.
Segundo o estudo, o gasto mensal com transporte saltaria de R$ 20,00 para R$ 160,00, considerando duas viagens por dia útil (ida e volta) a tarifas de R$ 0,50 (do trem) e R$ 4,00 (monotrilho).
Monotrilho
De acordo com o governo do estado, o monotrilho seria inaugurado com tarifa de 3,70. No entanto, o questionário aplicado aos passageiros aponta que 46% deles não teriam condições de usar o transporte por causa do preço.
Os trens ferroviários, fabricados há mais de 50 anos, apresentam problemas recorrentes no funcionamento e a manutenção é cara e complexa. Por isso, a decisão do governo pela construção do monotrilho.
Em audiência no MP, realizada ontem (5), a promotora de Justiça de Habitação e Urbanismo Hortênsia Pinho explicou que o estudo fundamentou ação civil pública em que se pede à Justiça para que o serviço do trem não seja paralisado até serem apresentadas medidas compensatórias e mitigadoras do impacto socioeconômico da futura instalação do monotrilho, cujo projeto é de R$ 2,5 bilhões.
Segundo a promotora, o contrato firmado entre o governo do Estado e o Consórcio Skyrail, composto pelas empresas BYD Brasil e Metrogreen, não previu medidas de compensação e desconsiderou qualquer impacto da perda de um trem que há 15 anos oferece acessibilidade e mobilidade para milhares de pessoas, por meio da tarifa de R$ 0,50.
Trem do subúrbio
O atual sistema de trens de subúrbio de Salvador, administrado pela CTB (Companhia de Transportes do Estado da Bahia), liga a Cidade Baixa ao Subúrbio Ferroviário da cidade (linha Calçada-Paripe), tem dez estações e 13,5 km de extensão.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) informou que ainda vai analisar os dados apresentados pelo MP-BA e afirmou que a apuração será criteriosa, no que diz respeito à responsabilidade social.
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