Cientistas brasileiros apontam em artigo publicado no final de novembro de 2019 na "Revista Engenharia Sanitária e Ambiental" que os metrôs de São Paulo e Rio de Janeiro emitem uma quantidade até 50 vezes menor de dióxido de carbono (CO²) em relação a automóveis, enquanto que as emissões são até 6,4 vezes menor em comparação com ônibus.
A avaliação verificou ainda que os índices de emissão dos dois metrôs brasileiros são menores que o de sistemas como Nova York (Estados Unidos), Bilbao (Espanha) e Lisboa (Portugal).
Os cálculos foram feitos por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e consideram a emissão total de dióxido de carbono necessária para operação do sistema, ou seja, todo o consumo de eletricidade para funcionamento das estações, instalações operacionais e geração de tração dos trens. Neste sentido, sistemas metroviários emitem menos gás carbônico porque, diferente de automóveis e ônibus, não utilizam combustíveis fósseis em larga escala já que seu “combustível” é a energia elétrica gerada fora deles e adquirida de terceiros.
Como o valor das emissões de cada sistema depende das fontes energéticas utilizadas na sua geração de energia, os resultados do Brasil são mais positivos porque o país conta com a vantagem de utilizar predominantemente fontes hidrelétricas. Segundo Boletim de Monitoramento do Sistema Elétrico no Ministério de Minas e Energia, fontes hidráulicas foram responsáveis por 63,2% da geração de energia elétrica do Brasil em novembro de 2019.
Transporte sustentável
A análise aponta que sistemas metroviários são parte da solução para transporte sustentável e propõe que sejam feitos levantamentos das emissões na fase de construção de metrôs brasileiros, a fim de estudar aplicação prática da abordagem. Os metrôs a serem analisados podem ser projetos de expansão, como a Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, ou de construção, como o Metrô de Curitiba.
O CO² é um dos principais gases de efeito estufa (GEE), associado ao aquecimento global. Dados do mais recente relatório da Agência Internacional de Energia divulgado em 2018 mostra que o setor de transportes é responsável por 24% das emissões globais, sendo os automóveis responsáveis pela maior fatia.
Como resultado de aumento da conscientização ambiental, algumas cidades criaram políticas de estímulo à redução de emissão deste setor. No estado do Rio de Janeiro, foram estabelecidos objetivos de redução de 30% nas emissões de GEE pelos transportes até 2030 em relação ao ano de 2010. Na cidade de São Paulo, Lei Municipal de 2018 estabeleceu um prazo de 10 anos para a redução de 50% das emissões de CO² dos ônibus usados no transporte municipal, e 20 anos para sua total eliminação.
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