Falta pouco mais de duas semanas para o início do Carnaval de Salvador, e a orla dos bairros Barra-Ondina já está ganhando ares de festa, com a finalização das estruturas montadas para o circuito. No entanto, a ocupação dos locais reservados aos pedestres e as obras que atingem a região têm causado desconforto e insatisfação entre frequentadores do local.
Pouco espaço para caminhar, trânsito lento, dificuldade para atravessar a rua e até mesmo falta de sinalização de locais perigosos foram algumas das queixas mais ouvidas pela equipe de reportagem do portal A Tarde. Entre turistas e moradores, a maioria dos entrevistados relatou algum tipo de incômodo com a montagem dos camarotes.
De acordo com os pedestres, o trecho que vai do Porto da Barra até o Clube Espanhol ainda é considerado confortável para andar e se exercitar. Porém, conforme se caminha em direção a Ondina, na região reservada ao camarote do evento, a situação se complica.
Acostumadas a andar cerca de três vezes por semana na orla após o expediente no trabalho, as administradoras Cleide Peixoto e Rita Antunes atualmente estão limitando o percurso e evitando a região de Ondina.
“Aqui (Barra) tá tranquilo, ainda dá pra caminhar, mas complica lá no início do percurso, em Ondina. Tanto que a gente não está mais indo por lá, não tem mais espaço, ficou muito apertado", explica Cleide.
Já Rita reclama da falta de sinalização. “Acompanhamos as obras desde o começo e não tem sinalização nenhuma”, diz.
Difícil para pedalar
Com espaço reduzido para andar, é comum ver pedestres e corredores invadindo a ciclovia. Para ciclistas como o aposentado Aldemir Nobre, o cenário não só incomoda, como também, ameaça a própria segurança.
“É pedestre na faixa de bicicleta, camarote armado na faixa de bicicleta. Então, quer dizer, qual o espaço que temos para pedalar? A gente se arrisca no meio do ônibus, e por pouco eu mesmo quase fui atropelado um tempo atrás. Tudo isso porque invadiram o espaço do pedestre, que precisa passar pelo meio da rua”, questiona Aldemir.
Outro ponto que desagrada, na visão do aposentado, é a iluminação. “Quando chega a noite, você não vê nada, principalmente quem é idoso e enxerga pouco. Que armem o camarote, afinal a festa traz recursos para a cidade toda, mas que respeitem o espaço dos outros também”, continua.
Apesar da dificuldade com a ciclovia, há quem diga que está acostumado com o período de obra na região. “Eu ando muito de bicicleta e algumas partes da ciclovia ficaram realmente comprometidas. Mas, assim, nada que me incomodasse, é algo que já vivencio há alguns anos, e quem mora em Salvador acho que acaba acatando”, diz o administrador João Vitor Magalhães.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) estipulou o prazo para que as estruturas sejam concluídas até o dia 19 de fevereiro. Após o Carnaval, os responsáveis têm dez dias para desmontar e, posteriormente, dez dias para corrigir possíveis avarias nos espaços públicos.
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