Os trabalhos de ampliação da malha cicloviária na capital paulista pela Prefeitura de São Paulo tiveram sua primeira investida na semana passada, após três anos sem nenhuma nova estrutura. Nesta primeira etapa, segundo a administração, serão 13,5 km de ciclofaixas, mais duas ciclovias. Todos os trechos servirão de conexão a faixas já existentes.
Desde 2016 que a malha cicloviária da capital paulista não era ampliada. Segundo a Prefeitura, a cidade tem hoje 503,6 km de vias para bicicleta (473,3 km de ciclovias e ciclofaixas e 30,3 km de ciclorrotas).
Plano cicloviário
Em 2018, a gestão Bruno Covas (PSDB) apresentou um projeto para criar mais 1.420 km de ciclovias até 2028. Durante o último ano, essa primeira versão da proposta foi discutida com especialistas e população por meio de audiências públicas e reuniões nas 32 subprefeituras. As sugestões e análises da prefeitura deram origem ao novo Plano Cicloviário, lançado no final de 2019.
No total, o novo plano prevê 173 km de novas estruturas até 2020, todas com a finalidade de integração à malha já existente. O Plano Cicloviário prevê ainda a reforma e a melhoria de 310 km de estruturas já existentes no mesmo período. De acordo com a gestão, 41 km foram requalificados.
Para a cicloativista Renata Falzoni, consultada pelo Mobilize, a notícia da ampliação pela gestão atual merece elogios: "Ao dar continuidade às obras das ciclovias, além de melhorar a segurança do ciclista, esta medida vai no sentido da consolidação de uma política de incremento do uso bicicleta na cidade", analisa.
Ampliação
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, sete obras contempladas no plano já começaram e estão em diferentes estágios de progresso - algumas ainda em fase de topografia e outras praticamente concluídas.
As novas estruturas para bicicletas são:
- Av. São Miguel: 5,2 km de ciclofaixa (conexão à ciclovia da Avenida Dom Elder Câmara e à estrutura cicloviária da Estrada de Mogi das Cruzes);
- Av. Engenheiro Caetano Álvares: 1 km de ciclofaixa (ampliação até a Avenida Ordem e Progresso);
- Rua Dr. Freire Cisneiro: 1,1 km de estrutura de ligação com a Av. Inajar de Souza;
- Rua José Bernardo Pinto: 0,7 km (ligação com a Avenida Otto Baumgart);
- Rua Iapó: 1,7 km (conexão entre a Avenida Braz Leme e a Rua Samaritá);
- Av. Henrique Schaumann: 1,5 km (ciclovia ligando Av. Paulo VI até a Rua Guadelupe, passando pela Avenida Brasil, pelo canteiro central);
- Rua Domingos de Morais: 2 km (ciclovia em continuidade à da Av. Paulista, segue até o Metrô Vila Mariana e região do Jabaquara).
Nova sinalização
Nesta primeira fase das obras, a Zona Leste é a região mais contemplada, com 5,2 km de ciclovias, seguida pela Zona Norte, com 4,6 km. Das sete novas estruturas, duas serão ciclovias: na Henrique Schaumann e na Domingos de Morais.
As estruturas deverão ter o novo padrão de cor e a sinalização, com o vermelho substituído por uma faixa branca para que os motoristas identifiquem a ciclofaixa, e uma faixa pontilhada amarela foi adicionada no meio das vias, indicando que os usuários podem circular nos dois sentidos. A cor vermelha foi mantida apenas na proximidade dos cruzamentos, buscando alertar os ciclistas para um local mais perigoso.
As estruturas serão implantadas com orçamento já previsto da prefeitura, com exceção das duas ciclovias, onde as obras serão realizadas pela VR Empreendimentos Participações e Serviços Ltda e pela Associação Brasileira de Educação e Cultura (Abec) como forma de compensação por serem polos geradores de tráfego.
Remanejamento
Além da ampliação e da requalificação da malha, o Plano Cicloviário também prevê 12 km de remanejamentos. Ciclistas ouvidos pelo portal G1 consideram a criação do Plano Cicloviário um avanço na medida em que a Prefeitura ouviu a sociedade e considerou as críticas. No entanto, apontam falta de detalhamento do projeto e ainda têm dúvidas sobre as vias que serão remanejadas.
“Apesar do compromisso de não se retirar nenhum quilômetro, a Prefeitura ouviu a sociedade e produziu dados para avaliar demandas e críticas”, opinou Sasha Hart, da Câmara Temática da Bicicleta (CTB).
“Seria importante termos acesso aos dados que comprovem que uma estrutura deve ser remanejada, porque o que nós temos são dados que mostram exatamente o contrário, estas estruturas aumentaram a segurança de pessoas de bicicleta e também à pé e em carros”, continuou.
Um dos questionamentos é a ciclofaixa da Rua Leopoldina, que conecta o ciclista ao Metrô Alto do Ipiranga: está previsto o remanejamento, ação que vários ciclistas concordam, mas não há indicação de qual seria a rota alternativa, quando a única possível, segundo os ciclistas, seria a interligação com aquela existente na Rua Santa Cruz. Apesar disso, a via não está prevista entre as obras de integração da malha.
Fora do Plano
Além disso, os ciclistas apontam ainda que as subprefeituras mais distantes da região central da cidade, como Capela do Socorro, Parelheiros, Jaçanã, Tremembé, Butantã e Perus, não foram contempladas, com nenhuma nova ciclovia pelo Plano Cicloviário.
Em nota, a CET diz que os 12 km de remanejamento serão executados "sem que haja qualquer redução da quilometragem da rede existente ou prejuízo às conexões e acrescentou que os 12 km também não serão contabilizados como novas extensões".
Desse modo, de acordo com a CET, a extensão que for retirada de um local, será implantada em outro, embora o órgão não tenha especificado quais são os lugares.
A demanda pelo planejamento foi acentuada pelo aumento do número de mortes de ciclistas na cidade, por dados que revelaram a maior segurança no trânsito no entorno de ciclovias e também porque a bicicleta passou a ser mais usada como meio de transporte na cidade de São Paulo.
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