As plaformas de parada, máquinas de bilhetagem e toda a sinalização já estão prontas desde o início de 2019. Na área central, os trilhos e a faixa exclusiva dos bondes está delimitada, mas por enquanto é utilizada apenas por ciclistas e também por motoristas mais afoitos que tentam furar as longas filas dos congestionamentos na bela cidade de Cuenca, Sul do Equador.
No início de dezembro, a prefeitura local realizou um seminário sobre a "nova mobilidade", cujos planos prevêem a restrição à circulação de carros particulares, melhorias na acessibilidade e caminhabilidade, além da reestruturação do sistema de transporte público. As ações começaram em 2013, com a implantação de corredores exclusivos de ônibus, a construção de estações de integração, a modernização dos veículos coletivos e de seu sistema de pagamento.
As propostas parecem corretas, especialmente para proteger os edifícios históricos e os pedestres - incluindo os turistas - que circulam pelas ruas e calçadas recém-alargadas. E colocam a "Municipalid de Cuenca" na vanguarda entre as esfumaçadas cidades do Equador. Cuenca, Quito, Guayaquil e todas as cidades equatorianas são ocupadas por veículos diesel, a maioria com suas válvulas de combustível desreguladas, estratégia adotada para "ganhar potência" e vencer a topografia andina. O resultado é a forte poluição do ar, visível aos olhos e sensível ao olfato, pelo menos dos visitantes estrangeiros.
VLT sem prazo
Construída com tecnologia francesa da Alstom, a nova linha do tranvia tem 21 km, 27 estações, e conecta o aeroporto e o terminal rodoviário ao Centro e aos bairros mais populosos. O trecho central funciona com composições movidas a baterias e capacitores, que são alimentados nas paradas. Fora do Centro, o sistema recebe alimentação por cabos elétricos e catenárias.
Toda a faixa de implantação do VLT foi reurbanizada, com melhoria nas calçadas e na acessibilidade. No trecho central a obra manteve o tradicional pavimento de pedras da cidade, já que Cuenca é uma cidade tombada e considerada patrimônio da humanidade. Nas áreas mais afastadas, os trilhos foram dispostos em um largo canteiro central ajardinado.
Iniciado em 2013, o projeto chegou às ruas em 2018 e permitiu o início dos testes com as composições em fevereiro de 2019. Mas, mudanças políticas e dúvidas sobre a manutenção e operação do sistema, levaram a nova gestão municipal a adiar a operação comercial. O contrato previa que a manutenção seria feita pela Alstom, mas o custo foi considerado muito alto pelo prefeito eleito, que preferiu buscar outra empresa, provavelmente da Espanha.
Além disso, ainda não foi definido um valor para a tarifa , nem a forma de integração tarifária com o atual sistema de transporte. Uma viagem nos BRTs de Cuenca custa hoje cerca de R$ 1,05
Condutores e operadores também já foram treinados e "diplomados" em cerimônia solene realizada em outubro passado. Espera-se, agora, como promessa de ano novo, que as composições finalmente ocupem as ruas em 2020.