Gastos com transporte ultrapassam o de alimentação no Brasil

Segundo o IBGE, em 2018 os gastos com alimentação comprometeram 17,5% do orçamento familiar, enquanto as despesas com transportes representaram 18,1%

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Fonte: G1/ Diário do Transporte  |  Autor: Daniel Silveira  |  Postado em: 04 de outubro de 2019

Brasileiro desembolsa R$ 679,76 por mês para se lo

Brasileiro desembolsa R$ 679,76 por mês para se locomover

créditos: Rovena Rosa/Agência Brasil

Pela primeira vez, as despesas de consumo das famílias com transporte ultrapassam os gastos com alimentação no Brasil. É o que indica a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que traz dados de 2018.

 

Historicamente, os gastos com habitação são os que mais pesam no orçamento das famílias brasileiras. A alimentação aparecia em segundo lugar, sendo superada pelo transporte pela primeira vez no ano passado. Esta foi a terceira edição da POF, que substituiu o Estudo Nacional da Despesa Familiar (Endef), realizado entre os anos de 1974 e 1975.

 

De acordo com o novo levantamento, em média, as despesas com habitação correspondem a 36,6% de todas as despesas de consumo das famílias brasileiras. Já a alimentação, que há dez anos comprometia 19,8% do orçamento familiar, teve sua participação reduzida para 17,5%. As despesas com transportes também apresentaram queda na composição dos gastos, porém menos acentuada – passaram de 19,6% para 18,1%, superando assim os gastos com alimentação. Em média, as chamadas despesas de consumo representam 81% dos gastos das famílias brasileiras – ou R$ 3.764,51 mensais.

 

Sem escolha

“Na alimentação, a pessoa consegue fazer algumas escolhas, trocar alguns produtos por outros [para economizar]. Já no transporte, não há muita possibilidade de escolha”, apontou o gerente da pesquisa, André Martins.

 

Mas o peso do transporte é mais alto para as famílias de alta renda, ao contrário da alimentação. Segundo a pesquisa, enquanto em 2018 os mais pobres comprometeram 9,4% de suas despesas com transporte, este percentual foi bem mais alto (15,3%) no orçamento das famílias com renda mais alta.

 

Pelos resultados, nota-se que os gastos dos mais pobres estão concentrados em transporte público, ao passo que os mais ricos concentram suas despesas em transporte individual.

 

Pelo quadro da pesquisa, enquanto uma família de baixa renda (até R$ 1.908) consumiu em média R$ 140 com despesas em transportes, uma família na faixa de R$ 14.310 a R$ 23.850 gastou R$ 2.294.

 

Pelo aspecto geográfico, o maior consumo das famílias com transportes foi nas regiões Centro-Oeste (21%) e Sul (20,6%), vindo a seguir as regiões Sudeste (17,5%), Norte (16,6%) e Nordeste (16,2%).

 

Os moradores da área rural do Brasil têm gasto maior com transportes que os da área urbana, 20% contra 17,9%.

 

Outra informação da pesquisa IBGE é que os gastos com habitação, alimentação e transporte abocanharam 72% da despesa de consumo médio das famílias brasileiras em 2018. Enquanto os mais pobres comprometeram em média 70,6% da renda familiar, os mais ricos tiveram percentual bem menor, de 45,5%.

 

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