Transformar o Tejo em uma via verdadeiramente navegável, onde grandes navios de mercadorias possam tirar vantagem desta rota alternativa e, ao mesmo tempo, a cidade possa reduzir o tráfego rodoviário gerado pelas descargas no Porto de Lisboa.
É o que planeja fazer o governo português, ainda para 2021. Para cumprir este objetivo será preciso criar condições de acesso ao porto fluvial junto à plataforma logística de Castanheira do Ribatejo, no município de Vila Franca de Xira (área metropolitana de Lisboa). E, ainda, para que os navios possam trafegar com segurança, será necessário fazer dragagens no rio para aprofundamento do canal.
“O estudo da navegabilidade fluvial do rio Tejo – do corredor fluvial da cala das barcas até ao limite montante da área de jurisdição do Porto de Lisboa – em articulação com a sua extensão natural até à plataforma logística de Castanheira do Ribatejo, é fundamental para retomar a movimentação de mercadorias no rio Tejo, incluindo a carga contentorizada dos terminais situados na margem Norte", afirmou a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino.
"Só assim promoveremos o crescimento do porto e evitaremos a entrada de carga pesada no tecido urbano”, disse a ministra.
Segundo ela, “a concretização deste projeto permitirá ainda a integração dos terminais situados na margem Sul, os atuais e o futuro Terminal do Barreiro, consolidando o Porto de Lisboa como um porto multimodal, desenvolvido nas duas margens do rio”. A declaração foi feita durante a apresentação ontem (1º) em Lisboa de um estudo sobre a viabilidade da navegabilidade no estuário do Tejo.
Há muito que se fala na possibilidade de transportar contêineres por barcaça ao longo dos cerca de 40 km do Tejo que separam Lisboa de Castanheira do Ribatejo. Este estudo agora conclui que há condições de navegabilidade, mas desde que seja feito o aprofundamento do canal. Hoje já é possível fazer o transporte de mercadorias até Castanheira, mas as viagens dependem das marés e nem todas as barcaças podem navegar, considera o estudo.
Alternativa fluvial
“O que traz de novo é nós termos uma alternativa ao transporte ferroviário e ao transporte rodoviário nas entradas e saídas do Porto de Lisboa”, notou Ana Paula Vitorino. Ela explica que qualquer embarcação poderá acostar transferindo as mercadorias para a plataforma logística. Dali, a carga pode ser distribuídas por trem ou caminhão, “mas não atravessando zonas urbanas nem zonas congestionadas”, sublinhou a governante.
Segundo Vitorino, um navio transporta, em média, entre 80 e 100 contêineres. Esse é o número equivalente de caminhões que se pode retirar da via. Significa dizer que a navegabilidade “vai permitir uma redução significativa da emissão de gases com efeito de estufa”, ressalta a ministra.
De acordo com as estimativas do governo, as obras na plataforma logística de Castanheira do Ribatejo, que ficarão a cargo do Grupo ETE, deverão iniciar em maio ou junho do próximo ano, com duração em torno de seis a oito meses, "até o início de 2021”, disse.
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