Uma atividade simples para muitos, mas colocada como impossível para alguns. Andar de bicicleta pode ser uma grande dificuldade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Pensando no lazer e na diversão desse grupo, o Instituto Ser Educacional criou o projeto Bike Sem Barreiras. Sempre aos domingos, entre 9h e 12h, no Posto 3 da Praia do Flamengo, Zona Sul do Rio, coordenadores e alunos voluntários do Centro Universitário Universus Veritas (Univeritas) guiam bicicletas adaptadas e trazem de volta a sensação de liberdade antes perdida.
O projeto traz, entre as bicicletas, uma handbike (triciclo adaptado para ser pedalado com as mãos), a bike dupla (pedalada pelo monitor e por uma pessoa com deficiência visual), e uma bicicleta adaptada com uma cadeira de rodas no lugar da roda dianteira. Para experimentar os equipamentos, basta se inscrever no local do evento, na hora.
Caio Sampaio experimentando a handbike. Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo (Reprodução)
O empresário Caio Sampaio, de 34 anos, perdeu parte dos movimentos em um acidente há 13 anos e experimentou a handbike. A aprovação foi imediata.
— Um amigo me falou da possibilidade de pedalar. Eu gosto muito de praticar atividades ao ar livre e essa agora é uma boa opção — considera.
Acompanhada da filha Nicole, de 15 anos, a técnica em enfermagem Suelen Meireles aproveitou para experimentar um passeio a jovem na bicicleta adaptada. Nicole é portadora da síndrome de Dandy-Walker, que afeta afeta o cérebro e os movimentos.
— Não costumo andar de bicicleta desde que ela cresceu e não coube mais na cadeirinha. Achei o máximo, temos a possibilidade de andar juntas.
O professor de Educação Física Jonathan Arruda, de 28 anos, coordena a iniciativa e utiliza toda a experiência profissional a favor desse projeto.
— Fiquei encantado quando me apresentaram o projeto. Já treinei deficientes visuais e físicos no atletismo e no rúgbi, respectivamente. De início, as pessoas ficaram um pouco receosas, mas depois a alegria e o entusiasmo foram imensos, via-se no rosto de cada um. Todos prometeram voltar e levar amigos para conhecer a iniciativa — conta.
Presidente do grupo Ser Educacional, Jânyo Diniz torce pela adesão dos cariocas ao projeto. A ideia é oferecer o serviço nos próximos seis meses, o que pode ser estendido por mais tempo. A iniciativa busca patrocínio.
— Queremos despertar na sociedade com baixa ou nenhuma mobilidade, o prazer em participar de uma prática de lazer, que, neste caso, é andar de bicicleta. Esperamos que a adesão seja um sucesso, e que possamos implementar em outras cidades do país.
Para a diretora da Univeritas, Adriana Garcia, a ideia é uma excelente oportunidade para inserir os alunos voluntários em práticas sociais.
— Possibilitar interações dos alunos com a população promove uma prática social única e favorável, principalmente se observarmos que o público-alvo do projeto é constituído por pessoas com menores alternativas de lazer. Logo, ao mesmo tempo que o usuário desfruta das bikes, o estudante aprende a ser parte da alegria de alguém — explica.
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