Interditada, Avenida Niemeyer vira área de lazer em domingo de sol

Interditada devido a deslizamentos de terra, a Avenida Niemeyer, via sinuosa entre o Leblon e São Conrado, foi ocupada como área de lazer por por pessoas neste domingo

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Fonte: O Globo - Rio  |  Autor: Gustavo Goulart  |  Postado em: 15 de julho de 2019

Avenida Niemeyer desfrutada por famílias e atletas

Avenida Niemeyer desfrutada por famílias e atletas

créditos: Guilherme Pinto - Agência O Globo

 

Interditada pela Justiça devido a deslizamentos de terra provocados pelas chuvas, a Avenida Niemeyer mais parecia neste domingo com uma área de lazer como a Avenida Atlântica, em Copacabana, que fecha ao trânsito aos domingos para se transformar num ponto de encontro de cariocas e turistas. A via sinuosa entre o Leblon e São Conrado foi ocupada por atletas e famílias para um passeio à beira-mar. Muitos moradores já defendem que a avenida se transforme num espaço de convivência.


 Rodnei Pires aproveitou para dar uma volta de skate na interditada Avenida Niemeyer. Crédito: Guilherme Pinto / Agência O Globo

Rodnei Pires aproveitou para dar uma volta de skate na interditada Avenida Niemeyer Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

 

— Para mim, a Niemeyer deveria ficar assim para sempre. Sou um pouco egoísta neste ponto. Quando a Ciclovia Tim Maia foi fechada, passei a ir de casa, em São Conrado, para o Leblon, onde trabalho, de carro. Era uma dificuldade para estacionar. Com a avenida interditada, retomei a rotina de ir de bicicleta para o trabalho todos os dias. E ainda levo minha filha (Alice, de 9 anos) na garupa para deixá-la na escola, também no Leblon — comentou o webmaster Júlio Visconti, de 49 anos, que aproveitou a manhã de domingo para passear de bicicleta com a família pela avenida interditada. 

 

Anibal Sabrosa, vice-presidente da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (Asbea-RJ) e  síndico do condomínio Ladeira das Yukas, localizado no número 550 da Niemeyer, diz que esse é o momento para o papel da avenida dentro do Rio de Janeiro ser rediscutido. Representante da Asbea na organização do Congresso Mundial de Arquitetos, que será realizado ano que vem na cidade, Anibal observa que, na Lei de Uso e Ocupação do Solo do Rio, a Niemeyer é considerada uma Zona Especial Turística e deve ser tratada como tal:

 

— Moro na região do Vidigal desde 1997. A Niemeyer não pode mais ser tratada como uma via de passagem entre bairros da Zona Sul, porque hoje existem opções de transporte como o metrô.

 

Anibal sugere, por exemplo, que os técnicos da Secretaria municipal de Urbanismo desenvolvam projetos que adaptem a via a essa vocação turística. Uma das sugestões é transformar em parque uma área no alto do Vidigal, onde 26 casas estão sendo demolidas pela prefeitura porque foi considerada uma região de risco após os temporais de maio.

 

Além do problema no Vidigal, uma casa na Niemeyer desabou a 500 metros do condomínio. O imóvel, segundo o arquiteto, ficava em uma espécie de vale que formava um talvegue, ou seja, no caminho de escoamento das águas pela encosta do Vidigal. 

— A via poderia até mesmo ter mirantes — sugeriu Anibal.

 


Também neste domingo a pedagoga Carla Cristina Souza, de 46 anos, aproveitou o domingo para curtir a avenida sem trânsito e a paisagem esplêndida do mar. Ela disse que pegou o costume de caminhar e correr na via até São Conrado, onde bebe uma água de coco no quiosque. 

 

— É uma opção em meio ao caos (provocado pelos deslizamentos que interditaram a avenida e também pela queda de trechos da ciclovia). Em meio às dificuldades vamos buscando alternativas. Vou do Vidigal, onde moro, até o primeiro posto da praia em 25, 30 minutos entre caminhada e corrida. Somos cariocas, não desistimos nunca — assinalou Carla Cristina.

 

Ciclista passa em meio aos cones de interdição da Niemeyer Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo 

Ciclistas curtiram dia de sol e aproveitaram bloqueio da via Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

 

Para o professor de boxe Rubens Alevato, que mora na Glória e sempre usa a via para pedalar, a interdição deveria continuar. 

 

— Para mim não prejudica em nada a interdição. As ciclovias da cidade estão em péssimo estado de conservação. A Avenida Niemeyer ficando aberta ao público é uma coisa boa. A interdição da ciclovia é que prejudicou muito a gente. Gastaram milhões (a obra custou R$ 45 milhões) e nada Gosto de passear de bicicleta. Vou da Glória, onde moro, até a Praia da Macumba de bicicleta. São 94 quilômetros de ida e de volta — contou o professor.

 

A Niemeyer está interditada por decisão da Justiça. A prefeitura afirma que, com as obras que estão sendo feitas na encosta, a via já pode ser reaberta. Um laudo feito por peritos indicados pela Justiça, no entanto, recomendou o fechamento da avenida até o fim de todos os projetos em andamento, que devem ser concluídos em outubro ou novembro.

 

 

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