Usuários de bicicletas, moradores e comerciantes de Vitória (ES) seguem debatendo nas redes sociais uma solução que permita a implantação de uma ciclovia na av. Rio Branco, na área central da capital capixaba. A prefeitura suspendeu o processo de licitação para construção da ciclovia no trecho que passa pelo bairro Praia do Canto. A decisão foi tomada depois que os moradores entregaram diferentes projetos e sugestões à administração municipal durante uma audiência pública, em 18 de junho.
Segundo o Secretário de Desenvolvimento da Cidade, Márcio Passos, todas as sugestões e propostas serão analisadas para que um novo projeto seja elaborado. “A fase agora é para avaliar tudo que nos foi passado na audiência pública. Nossa previsão é que em cerca de 60 dias apresentemos um novo projeto à população”, prometeu o secretário.
Inicialmente, o projeto da prefeitura previa a instalação da ciclovia na lateral do canteiro central, eliminando cerca de 90 vagas de estacionamento. A possibilidade de perder esses espaços foi um dos pontos que fez os moradores discordarem do projeto municipal. Em contrapartida, eles apresentaram um projeto alternativo, mantendo as vagas de estacionamento, com a instalação da ciclovia em cima do canteiro central. A proposta havia sido rejeitada pela prefeitura porque implicaria a remoção de dezenas de árvores existentes nesse canteiro.
"Esperamos que a ciclovia saia e que ela seja feita de uma maneira que não prejudique o funcionamento do comércio nem o acesso dos moradores às residências", disse o presidente da Associação de Comerciantes da Praia do Canto, Cesar Saad. Segundo o secretário Márcio Passos “a licitação para o projeto da ciclovia em Santa Lúcia deve ser publicada de novo ainda em julho. Paralelo a isso, vamos voltar a dialogar com os moradores da Praia do Canto”, finalizou.
Debate
Nas redes sociais os comerciantes defendem a necessidade de manter as vagas de estacionamento da via, ao passo que ciclistas e vários moradores temem que a mudança da ciclovia para o meio da avenida exija a retirada da arborização local, que oferece sombra e reduz a poluição atmosférica.
Alguns moradores argumentam que não cabe projetar uma ciclovia pensando em preservar espaços para automóveis. "Isso é coisa dos anos 1960 e 1970, argumenta Arlindo Villaschi. Para ele, a renovação da avenida poderia contemplar a ciclovia e também a ampliação das calçadas, para proporcionar mais espaços de convivência na área.
Outros lembram que essa humanização da avenida Rio Branco pode até aumentar o movimento do comércio local, como ocorreu em várias cidades do mundo, e mesmo na avenida Paulista, em São Paulo. O arquiteto Rodrigo Mattos, porém, lembra que experiências de outras cidades não convencem os céticos e que somente uma ação no próprio local poderia testar o melhor tratamento a ser dado à ciclovia. "Quem pedala sabe que o melhor lugar para uma ciclovia é junto da calçada e não no canteiro central, onde o ciclista fica isolado". Ele defende a demarcação da ciclovia com pintura e tachões para uma etapa de avaliação dos impactos para o comércio e para a vida local.
Uma análise da audiência e das propostas existentes foi realizada em detalhes pelo arquiteto e urbanista Pedro Henrique Negreiros, publicada no site Vitória que Queremos e reproduzida pelo Mobilize Brasil.
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