Os espaços para cobradores nos ônibus estão sendo gradativamente suprimidos. Uma solicitação nesse sentido foi encaminhada pela SPTrans às empresas que operam o transporte coletivo da cidade, para que os projetos de novos ônibus sejam realizados observando essa mudança no interior dos veículos.
Espera-se com isso que, a partir de setembro, o layout interno dos veículos já comece a ser projetado sem o banco e a caixa de cobrança usada por esses profissionais.
O Mobilize consultou a SPTrans sobre como serão aproveitados os espaços liberados pela retirada do posto do cobrador e também sobre a possibilidade de retirada das catracas nos futuros ônibus. A assessoria de imprensa do órgão respondeu que a remoção das catracas ou mudanças no local do validador do bilhete "não constam da carta Circular DO 005/2019, enviada às empresas de ônibus" na semana passada. A única solicitação foi a retirada do banco do cobrador, explicoo o funcionário que atendeu à reportagem.
A SPTrans informou ainda que "desde 2014 cerca de 6 mil ônibus do tipo padron já circulam sem cobrador na cidade", não sendo isso exatamente uma novidade, e que a medida faz parte de uma gradativa renovação do serviço prestado dos ônibus urbanos, mas sem prazo fixo para see completada.
O texto da circular explica ainda que os novos projetos são direcionados a veículos do tipo “padron” (com até 15 metros de comprimento) e básicos, que são os ônibus de média capacidade, que circulam por grandes avenidas e ruas movimentadas. Até o momento, o manual de padrões técnicos dos veículos da Prefeitura de São Paulo previa o espaço para o cobrador.
Dados da Prefeitura de 2017 indicam que o sistema de ônibus da capital tem 14,4 mil ônibus, sendo que os veículos padron e básico correspondem a 46% dessa frota total. Segundo a SPTrans, os carros que já estão em circulação não terão de se adaptar. O documento da SPTrans explica, também, que as mudanças não valem para ônibus maiores, articulados ou biarticulados.
Demissões
A SPTrans, por meio da assessoria, faz questão de esclarecer que não há planos de demissão do quadro de cobradores atual. “Com o avanço da tecnologia e cobrança automática das tarifas no transporte coletivo, esses profissionais inclusive já passam por programas de reciclagem nas empresas”, informou a nota.
Os cobradores deverão ser reaproveitados pelo sistema em atividades como fiscalização, manutenção e administração. Para realizar essas funções, a reciclagem dos cobradores ocorre “de maneira natural nas empresas”, segundo o órgão.
No texto, a SPTrans explica que apenas 5% dos passageiros hoje fazem pagamento da tarifa em dinheiro. Mas, ressalta um dos assessores do órgão, "embora este assunto não conste da circular enviada às empresas, o mais provável é que o passageiro pague sua passagem diretamente ao motorista do ônibus". Pela legislação brasileira, a restrição de pagamento somente com o cartão pode ser considerada uma contravenção penal, sujeita a multa, segundo advogados especialistas direitos do consumidor. Por outro lado, a cobrança de passagens pelo motorista tem gerado polêmica entre operadores e sindicatos de trabalhadores porque em alguns casos poderia configurar o exercício de dupla função. O assunto já foi alvo de condenações pela Justiça do Trabalho, posteriormente revistas em outras instâncias.
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