Quem caminha ou dirige pelas ruas de Fortaleza já percebeu em alguns cruzamentos da cidade uma faixa pintada de verde sobre o asfalto. A iniciativa faz parte do projeto Esquina Segura, da prefeitura, e está em fase de implantação e adaptação do trânsito.
Por ora, a fiscalização tem caráter educativo, mas futuramente (ainda sem data definida), a multa poderá chegar a R$ 195,23 para quem desobedecer a sinalização e estacionar nesses locais. A infração é grave e gera cinco pontos na carteira.
Até setembro, cinco cruzamentos deverão ter suas calçadas alargadas por meio das faixa exclusivas. A ideia é evitar que o motorista estacione nas esquinas, e que o pedestre se senta mais seguro ao ingressar nesses pontos, explica a administração.
As primeiras interseções contempladas estão no cruzamento das seguintes vias: Barbosa de Freitas com Marcos Macedo, em frente ao Shopping Aldeota; Oswaldo Cruz com Maria Tomásia, no Bairro Dionísio Torres; rua Delmiro de Farias; Monsenhor Catão com Marcos Macêdo; e rua Dinamarca com Nereu Ramos. A intervenção já está em andamento também em diversos pontos no Benfica, que receberá a Área de Trânsito Calmo.
Esquina Segura
Segundo André Luís Barcelos, assessor técnico da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), "a legislação de trânsito já prevê esta medida desde o surgimento do Código de Trânsito e já é adotado em várias cidades do mundo e do país", destaca.
Uma pesquisa realizada entre a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a AMC aponta que, em relação aos benefícios, o projeto Esquina Segura, iniciado em março de 2017, conseguiu reduzir em 61% o número de acidentes com vítimas nos locais onde houve intervenção.
A vendedora Beatriz Rayane, de 23 anos, diz que sempre caminha pelas ruas da região e que os motoristas passaram a respeitar a faixa exclusiva. Ela avalia como positiva a mudança, inclusive para o comércio local: “Eu achei bom porque às vezes os carros passam direto e não param.”
Já o taxista Adriano Andrade, de 48 anos, costuma ficar próximo do trecho onde uma sinalização verde foi implantada. Embora preveja alguma dificuldade na dirigibilidade, ele vê como positiva a implantação da faixa. "Sem dúvida tem que ter, principalmente por conta da segurança do pedestre", diz.
Segundo Barcelos, da AMC, as dimensões da faixa podem ser alteradas conforme análises. “Os raios de giro são avaliados e qualquer local que tenha essa dificuldade o traçado é refeito”, pontua.
Faixa verde amplia área ao pedestre em Fortaleza. Mas execução da obra junto à guia precisa ser melhorada. Foto: Helene Santos/G1
Comentário do Mobilize: As faixas verdes que alongam a área para o pedestre na via são sem dúvida uma solução de segurança, um avanço na micromobilidade urbana. Mas as fotos do G1 divulgadas nesta reportagem revelam que há um problema sério de execução da obra. No meio-fio, entre a calçada e a rua, não foi feita a restauração do piso, e esse espaço permanece esburacado, criando um desnível perigoso que compromete a segurança de quem passa de um trecho a outro. Sem um acabamento construtivo melhor, a iniciativa, em vez de priorizar o pedestre, pode se transformar em uma armadilha para quem está a pé. Mas melhorar é simples: basta a prefeitura refazer esta parte, deixando nivelada a passagem entre a calçada e a via.
Leia também:
Em SP, Prefeitura troca faixa verde por calçada
Abram alas para o pedestre no Rio de Janeiro
A eterna dificuldade dos pedestres em atravessar as ruas do Recife
Fortaleza: mortes no trânsito caem pelo quarto ano seguido
Prefeitura de Fortaleza inicia projeto de caminhabilidade este mês