Os novos jeitos de se locomover no Rio de Janeiro

Bikes e patinetes compartilhados mudaram a paisagem e o cotidiano carioca. Por trás desse novo cenário, estão ideias como a de economia compartilhada e micromobilidade

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Fonte: Noticiário do Rio  |  Autor: Walter M. Leiras  |  Postado em: 30 de maio de 2019

Estação da Bike Rio na Praça Mauá, no centro do Ri

Estação da Bike Rio na Praça Mauá, no centro do Rio

créditos: Wikipedia

A locomoção na cidade do Rio de Janeiro virou um desafio diário. Mesmo com a grande diversidade de modais disponíveis, parece difícil superar a falta de planejamento urbano, as altas tarifas e o excesso de veículos particulares nas ruas. Por isso, a cidade se tornou terreno fértil para soluções inteligentes e diferenciadas, cujas propostas de melhoria para o cotidiano urbano superam os meios tradicionais e trazem movimentos que reduzem a ideia individualista de transporte confortável.

 

Uma dessas ideias é a de aplicação da economia compartilhada à micromobilidade urbana. Para estudar o tema, o portal Noticiário do Rio conversou com o engenheiro Licínio Machado Rogério, diretor de mobilidade da Associação de Moradores e Amigos de Botafogo (AMA), coordenador do Fórum de Mobilidade Urbana e membro do Conselho Municipal de Transportes. E também com Laura Chiavenato, assessora da TemBici, empresa que opera as bicicletas compartilhadas laranjas. 

 

Segundo o engenheiro Licínio Rogério, a economia compartilhada pode ser definida como um conjunto de ações mercadológicas que propiciem o acesso a bens e serviços compartilhados coletivamente por meio de trocas, empréstimos ou aluguéis. O usuário não quer possuir a coisa, mas usufruir dela; por isso, ao invés de pagar para tê-la, prefere pagar pelo acesso e uso temporário. 

 

Outro conceito em voga nas cidades grandes como o Rio é o de micromobilidade. O termo se refere a veículos de pequeno porte utilizados nas cidades para o percurso de pequenas distâncias, explica Licínio. E cita o caso de um trajeto, por exemplo, desde um modal de grande porte até a casa ou o trabalho do cidadão. Pode ser uma solução eficaz, diz ele, para substituir o uso de veículos automotores tradicionais, que ocupam mais espaço nas vias, poluem e demandam maiores gastos.

 

Também o uso das bicicletas e patinetes compartilhados são um bom exemplo de aplicação da economia compartilhada na micromobilidade. O usuário, diz o engennheiro, ao invés de comprar uma bicicleta ou um patinete, aluga o meio de transporte, podendo fazer uso do bem mediante pagamento de tarifa. Assim, a pessoa ganha um meio eficaz para a realização de microdeslocamentos, a baixo custo e com fácil acesso, acrescenta.

 

Bicicletas compartilhadas

“O sistema de bicicletas compartilhadas foi implementado no Rio de Janeiro em 2012 e, desde o seu lançamento, teve o total apoio do poder público que acreditava na bicicleta como potencial modal de transporte de micromobilidade”, diz Laura Chiavenato, assessora de imprensa da Tembici, empresa que, em parceria com o Itaú Unibanco, implantou o projeto BikeRio na cidade. “Importante esclarecer que nosso sistema de bicicletas compartilhadas tem, em todos os locais onde opera, contratos com o poder público e as estações são aprovadas pelos órgãos competentes.”

 

O projeto cresce a largos passos e tem bom retorno do usuário. As empresas Grin e Yellow, startups que disponibilizam patinetes elétricos e bicicletas na cidade, têm planos para mais de 135 mil patinetes e bikes em sete países. Em seis meses da fusão das duas marcas na empresa Grow, realizaram 2,7 milhões de viagens e contam com 1,1 mil funcionários. 

 

Por sua vez, a Tembici também ampliou seus serviços, passando de 700 para 2.600 bikes de 2018 até hoje, cada uma realizando, em média, 10 viagens ao dia. “Os maiores picos de uso são em dias úteis, entre 7h e 9h, 12h e 14h e das 16h?às 19h, mostrando que grande parte das pessoas usa o modal para ir e voltar diariamente para o trabalho. Já aos finais de semana o movimento é constante a partir das 10 horas da manhã, se mantendo intenso até as 19h. O tempo médio de viagem também varia; durante a semana é de 24 minutos e aos finais de semana são 38 minutos em média curtindo as belezas cariocas”, conta Laura Chiavenato.

 

Desafios para a micromobilidade

Apesar do rápido crescimento da atividade, as operadoras envolvidas na micromobilidade urbana ainda enfrentam grande dificuldade para atingir ao público mais velho. Isto porque o enfoque das empresas tem sido majoritariamente na geração Y, e a utilização massiva de plataformas digitais como meio de uso do produto acaba por afastar este nicho.

 

Outro problema associado à micromobilidade é que, embora muito se fale em diminuição de impactos, uma pesquisa do Instituto Akatu, feita em 2015 com gestores de 110 iniciativas de economia compartilhada ao redor do globo, concluiu-se que pouco se sabe, efetivamente, acerca da dimensão desses impactos. As intenções são boas – 94% dos gestores afirmaram desejar causar impactos sociais ou ambientais positivos -, mas, na prática, apenas um em cada quatro gestores efetivamente mediram os efeitos de seus negócios.

 

Licínio Rogério também aponta que os patinetes elétricos trazem uma série de efeitos colaterais desagradáveis. “Nada contra os patinetes, mas sim contra a irresponsabilidade. É um veículo pequeno com alta velocidade, mas não traz nenhum tipo de capacete ou outros meios de segurança, fazendo com que as pessoas se lesionem. O fato de o patinete ficar abandonado pela cidade também é muito ruim e atrapalha a vida de quem tem baixa capacidade de locomoção, como os cegos; o ideal seria que houvesse pontos ou estações para deixar os patinetes”.

 

A cidade de São Paulo já começa a aplicar medidas visando à proteção do usuário do patinete. A partir de ontem (29), a prefeitura passou a fiscalizar a obrigatoriedade de uso de capacete, proibir uso nas calçadas, e limitou a velocidade máxima em 20 km/h, regras que, se não forem respeitadas, acarretarão à empresa fornecedora dos patinetes multas em valores que variam entre R$ 100 e R$ 20 mil.

 

Questionado quanto ao futuro destes meios de transporte, Licínio é enfático ao dizer que o que importa é a responsabilidade na implantação. “Quando os carros chegaram ao Rio de Janeiro, uma pessoa andava na frente dos carros avisando aos transeuntes da passagem. A prefeitura pode usar o modal sem problemas, desde que haja responsabilidade no seu uso.”

 

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Comentários

Luciene - 31 de Maio de 2019 às 05:55 Positivo 0 Negativo 0

Ola, gostaria de usar a metodologia de avaliacao de ciclovia! Achei a de avaliacao de sinalizaçao mas no foulatio aparece Erro

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