Zona 30 é testado em dois quarteirões próximos a escolas em BH

Projeto no bairro Cachoeirinha prevê velocidade máxima de veículos em 30 km/h para priorizar pedestres, ciclistas e pessoas com mobilidade reduzida

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Fonte: O Tempo  |  Autor: Pedro Ferreira  |  Postado em: 29 de abril de 2019

Rua é delimitada com pinturas no asfalto e vasos d

Rua é delimitada com pinturas no asfalto e vasos de plantas

créditos: Cristiane Mattos


Dois quarteirões no bairro Cachoeirinha, região Noroeste de Belo Horizonte, foram escolhidos pela Prefeitura da capital mineira para testar o programa Zona 30 de segurança viária.

 

O projeto, a cargo da BHTrans, prevê velocidade máxima dos veículos em 30km/h nos quarteirões da rua Simão Tamm, entre as ruas Cônego Santana e Conde Santa Marinha. A ideia é priorizar pedestres, ciclistas e quem tem mobilidade reduzida, como idosos, oferecendo mais segurança para a população. 

 

O primeiro teste começou na última sexta-feira (26) e será concluído nesta segunda (29). Para tanto, está sendo experimentado um novo traçado de rua, delimitado com pinturas no asfalto e vasos de plantas,  Depois disso, será implantado definitivamente, e então a via ganhará calçadas mais largas e travessias elevadas.

 

De acordo com a coordenadora de sustentabilidade e Meio Ambiente da BHTrans, Eveline Trevisan, além de reduzir o espaço dos carros a via ganhou trançado sinuoso: “Ao entrar nesse espaço, o motorista vai compreender que ele precisa mudar o comportamento. O Zona 30 reduz acidentes e faz com a região fique mais segura”, disse Eveline.

 

Área escolar

O local fica próximo a duas escolas. No local, as calçadas são estreitas e os estudantes são obrigados a andar pela rua. Falta espaço na calçada até para quem aguarda no ponto de ônibus. Não à toa, pais de alunos, comerciantes e motoristas aprovaram a proposta.

 

No trecho da Simão Tamm, entre as ruas Conde de Santa Marinha e Nossa Senhora da Paz, o espaço para os carros foi reduzido de 13 m de largura para apenas uma faixa de 4 m. E o motorista não dirige em linha reta, pois o traçado é sinuoso, o que o obriga a dirigir devagar.

 

Atualmente, a velocidade máxima permitida na rua já é de 30km/h, mas os motoristas não respeitam o limite e passam a mais de 50 km/h, mesmo a via tendo quebra-molas. Com o teste, eles já começaram a pisar no freio.

 

Após o teste, nesta segunda-feira (29) a BHTrans vai avaliar a possibilidade de estender a intervenção para o restante do bairro e também de forma definitiva. Na rua Simão Tamm, a mudança pode acontecer ainda este ano.

 

O foco do projeto são os bairros residenciais, mas estudos comprovaram que áreas de comércio também são propícias, segundo Eveline. “Temos um estudo grande para a região hospitalar”, disse ela.

 

Repercussão

Operadora de caixa em uma padaria, Mariana Augusta Pereira Honorato, de 61 anos, acredita que o Zona 30 vai melhorar quando se trata de reduzir a velocidade dos veículos, mas a sua maior preocupação é com o espaço de carga e descarga de mercadorias.

 

"Acho que pode piorar, assim, sem lugar para estacionar os caminhões de entrega de mercadoria. Hoje mesmo o pessoal não teve onde estacionar o caminhão de bebidas”, reclamou. A representante da BHTrans esclarece ao dizer que está conversando com os comerciantes.

 

Ela garante que os espaços de carga e descarga serão mantidos: “Nosso objetivo não é deixar de fazer o abastecimento do comércio. Então, a gente vai colocar uma sinalização provisória enquanto houver esta intervenção temporária para que a carga e a descarga possam acontecer normalmente”, disse Eveline Trevisan. "Quando fizermos o projeto definitivo do quarteirão, vamos estudar a previsão de carga e descarga, e adotar, por exemplo, algum recuo para que o veículo encoste junto ao passeio”, explicou.

 

A arquiteta Janaína Amorim trabalha para um instituto alemão e presta consultoria para a BHTrans em projetos voltados para pedestres e ciclistas. Segundo ela, o Zona 30 já foi implantada em outras cidades do país e no exterior e o resultado é positivo: “Tanto para os pedestres, como para reduzir a velocidade, para os comerciantes e toda a região. As pessoas vão mais para as ruas", diz a arquiteta. E acrescenta: "Diminui os conflitos entre pedestres e veículos, com mais áreas de calçadas e espaço para os ciclistas”

 

Já a comerciante Ana Maria Gontijo Silva, de 72 anos, é dona de uma loja de roupas no trecho que sofreu a intervenção temporária. Ela acredita que a mudança vai melhorar as vendas: “Atualmente, as pessoas não estão circulando por essa rua e o comércio caiu bastante. Com os veículos passando mais devagar, elas terão mais oportunidade de observar mais o comércio. Haverá mais segurança para andar, como os idosos, que têm dificuldade para atravessar a rua”, observou a comerciante.

 

É o caso da auxiliar de fisioterapia aposentada Luíza Araújo, de 72 anos, que ficou feliz com a mudança, pois se sente ameaçada com o risco de ser atropelada todos os dias: “Pedestre nunca tem vez. Assim ficou muito bom. A gente vai poder atravessar mais tranquilo, com mais segurança”, disse.

 

Rosicléia da Silva Alves, de 39 anos, que sempre leva e busca a filha de 3 anos na escola, disse que a mudança tem que ser definitiva para que possam andar com mais segurança: “As crianças vão adorar o espaço para andar pelo calçadão”, comentou.

 

O motorista de aplicativo Ataíde Geraldo de Oliveira, de 58 anos, considera o projeto “uma ideia brilhante”. Ele, que mora no bairro, acredita que os motoristas serão obrigados agora a respeitar o limite de velocidade. “Tem muitos alunos circulando na rua e ficava até complicado o pessoal atravessar a rua”, comentou.

 

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