Bonde japonês dos anos 1950 deve circular em Santos (SP) em agosto

Doado pela cidade de Nagasaki em 2014, o antigo bonde está sendo restaurado nas garagens da Prefeitura. No processo de restauro, algumas surpresas e descobertas curiosas

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Fonte: Portal da Prefeitura de Santos  |  Autor: Prefeitura de Santos/ Mobilize (edição)  |  Postado em: 25 de abril de 2019

Trabalho de restauro do bonde japonês na garagem d

Trabalho de restauro do bonde japonês na garagem do Valongo

créditos: Raimundo Rosa


Em Santos, no litoral paulista, um antigo bondinho - o bonde prefixo 206, modelo da década de 1950, que foi doado em 2014 pela cidade japonesa de Nagasaki - está sendo restaurado por uma equipe especializada da Prefeitura (CET-Santos). A expectativa é de que o Bonde Japonês, como está sendo chamado, deva começar a circular na rede de bondes turísticos da cidade no segundo semestre deste ano.

 

Durante a empreitada de restauro, uma surpresa: ao desmontar as portas do elétrico, os técnicos se depararam com pregos de fixação “não de ferro ou aço, de uso comum no Brasil, mas de latão, um material mais nobre”, conta o engenheiro Marcos Rogério Nascimento. Ele é gerente de manutenção e serviços da CET, e coordena a equipe que restaura os bondes em circulação pelo centro histórico santista e os do acervo do Museu Vivo Internacional de Bondes

 

As peças de fixação em latão foram utilizadas nas janelas e portas que, por sua vez, são feitas em madeiras sem o mesmo padrão de qualidade: “Talvez por não haver no Japão grande oferta e variedade de florestas como no Brasil, a solução adotada buscou garantir maior durabilidade ao bonde. O prego de latão não oxida, por consequência não gera fungos que levariam ao apodrecimento da madeira”, explica. 

 

Descobertas do restauro 

O processo de restauro vai além dos serviços manuais feitos por profissionais de marcenaria, carpintaria, elétrica e mecânica, nas oficinas da CET, na Vila Mathias, e na garagem do Valongo.

 

Inclui pesquisa histórica sobre o local de origem do veículo, a técnicas de engenharia e construção, a cultura, tradições e costumes.

 

Com os estudos, surgem as descobertas. No caso do Bonde Japonês, a análise do sistema construtivo das portas revelou que as partes encaixadas são afixadas sem parafuso. No lugar é usado tipo de cunha também de madeira – peça em forma de ângulo agudo que serve de ajuste para o encaixe das partes.

 

“Ao restaurar estudamos a forma de montagem. O bonde foi construído com as técnicas empregadas na época, mas também houve o uso da cunha, que é uma técnica rudimentar, milenar. A intenção certamente também foi a maior durabilidade e a preservação da madeira, garantindo um veículo mais resistente e seguro”, diz Marco Rogério.

 

Desafios 

Reproduzir as portas, com todas as suas complexidades, é parte do desafio para colocar em circulação o Bonde Japonês. Essa etapa, que vai incluir a pintura externa, deverá ser concluída até o final de abril.

 

São várias as frentes trabalhando simultaneamente. Na garagem do Valongo, onde está o truck, uma parte da equipe se encarrega da substituição do sistema de captação da corrente elétrica. Isso para que o modelo japonês possa utilizar a rede local – a mesma dos trólebus e que também serve a linha turística do Centro. O grupo de profissionais cuida, ainda, dos reparos na chaparia (laterais).

 

Outra frente, esta terceirizada (empresa contratada via licitação) prepara a redução da bitola para adaptá-la aos trilhos existentes na cidade e na substituição dos quatro eixos do veículo para preservação das rodas originais do elétrico vindo de Nagasaki. 

 

Testes

A proposta da Prefeitura é fazer a entrega do bonde em 9 de agosto, quando se celebra o Dia Municipal da Luta pelo Desarmamento Nuclear e Paz Mundial.

 

No momento, serão iniciados nas próximas semanas os testes de mecânica e elétrica na garagem do Valongo. Na sequência, está programada a montagem do truck na carroçaria, com as portas e janelas, e início dos testes dinâmicos (com movimentação no local). Paralelamente, também já é preparada toda a comunicação visual para reproduzir no seu interior o ambiente de quando rodava pelas ruas da cidade japonesa.

 

Chegada festiva

A doação do bonde japonês foi formalizada em 2014, após quatro anos de tratativas entre as prefeituras de Santos e de Nagasaki. O desembarque em solo santista ocorreu dois anos mais tarde, após 42 dias de viagem e uma complexa operação, custeada com a ajuda de vários parceiros.  

 

Em 2 de fevereiro de 2016, ainda como parte das festividades pelos 470 anos de Santos, foi oficialmente entregue. A solenidade na Estação do Valongo reuniu autoridades locais, das associações japonesas de Santos e Nagasaki Kenjin do Brasil e do consulado geral do Japão em São Paulo. O elétrico de origem nipônica transformou-se em mais um veículo do Museu Vivo Internacional de Bondes.

 

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