A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) decidiu rescindir unilateralmente um dos contratos de construção do monotrilho da Linha 17-Ouro. Segundo o governo do estado, a obra vinha sendo conduzida em ritmo lento pelo consórcio comandado pela empreiteira Andrade Gutierrez.
A construção da Linha Ouro é dividida em cinco contratos, um para o pátio de manutenção, três para construir nove estações e o principal, que contempla trens, as vigas por onde eles passariam e a sinalização. É justamente este que o governo do estado rompeu com o Consórcio Monotrilho. Segundo o Metrô, é o único setor parado da obra. O governo informou que tentou por várias vezes acelerar o ritmo para que a obra fosse entregue em 2020.
Em fevereiro passado, o site Ferroviando já havia publicado nota sobre um aditivo de contrato que adiava para 2021 a instalação de escadas rolantes nas estações do trecho, evidência clara de que a obra não ficaria pronta em 2020.
Mais ainda: a empresa fabricante dos trens, a malasiana Scomi faliu e por isso ficou inviável concluir o projeto. O rompimento do contrato será anexado a um inquérito no Ministério Público que já apura o atraso da obra. “A empresa da Malásia já tinha problemas muito conhecidos do Metrô, já tinha dificuldades financeiras, desde o início do contrato não apresentou os trens, o governo sabia disso, e agora apresenta uma justificativa sem qualquer ligação com os fatos efetivamente”, disse o promotor Marcelo Milani.
Agora, deverá ser feita nova licitação. “O nosso desejo é retomar a obra nos próximos meses, após concluir o processo de rescisão, e após, claro, licitar novamente esta obra com novos equipamentos”, disse o secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy.
A Linha 17 Ouro deve ligar o aeroporto de Congonhas até a estação Morumbi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), passando pela Linha 5 Lilás do metrô.
Prazo inicial era 2014
O monotrilho virou promessa para a Copa 2014 em 2010, quando o então ministro do Esporte, Orlando Silva, assinou com o governo do estado e a Prefeitura da capital uma série de compromissos, a chamada Matriz de Responsabilidades.
No entanto, a obra sofreu uma série de problemas nos últimos anos – o que fez com que a previsão de seu funcionamento passasse de 2013 para julho de 2019. Com o fim do contrato, agora não há mais previsão para sua conclusão.
Nota do Mobilize: Historicamente, o metrô paulistano costuma "arrancar" a cada quatro anos, quando ocorrem as eleições. Assim, um prazo provável para a linha 17 seria o ano de 2022. Originalmente a tecnologia do monotrilho foi adotada pela Companhia do Metrô porque teoricamente seria mais barato, fácil e rápido construir as vias elevadas, sem a necessidade de escavações. No entanto, as obras dos trechos de metrô subterrâneo - embora atrasadas - avançaram mais rapidamente do que as das linhas em monotrilho (15 e 17). E especialistas consultados mostram que a capacidade do monotrilho é muito pequena quando comparada ao de um metrô convencional. O engenheiro de transportes Horácio Figueira, por exemplo, acredita que um corredor de BRT poderia substituir a pesada estrutura do monotrilho, mas, com as obras iniciadas, ele defende que a linha seja concluída.
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