Ao aceitar o convite do Mobilize para apoiar a nova campanha Calçadas do Brasil 2019 em Curitiba, o arquiteto e urbanista Alessandro Filla Rosaneli viu aí uma oportunidade de incorporar a iniciativa do portal às pesquisas na área que já vem desenvolvendo à frente do Observatório do Espaço Público, que criou há dez anos na Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Para o professor, que também coordena os programas de pós-graduação em Geografia e em Planejamento Urbano do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da universidade, o problema das calçadas na capital paranaense não é tanto de ordem quantitativa, "já que há boa distribuição desse elemento urbano por toda a cidade". O maior transtorno, diz Rosaneli, está na qualidade dessa infraestrutura, que pode variar dependendo do bairro, da região.
Na distribuição socioespacial, o que se vê são 'duas Curitibas', comenta o pesquisador: "Uma, a que traz bons exemplos de calçadas, até referenciais, e se encontra basicamente na parte central da cidade; a outra, a Curitiba dos bairros mais afastados e pobres, é onde temos uma realidade muito pior, com caminhos pouco acessíveis, sem conectividade, sem canteiros ou arborização, e que é o exemplo mais próximo do que chamamos de a 'calçada brasileira'", declara.
Alessandro Rosaneli, um dos coordenadores
da Campanha em Curitiba. Foto: Arquivo Pessoal
Adesão à campanha
Em Curitiba, a campanha do Mobilize ganhará uma abrangência e profundidade adicionais, já que os dados obtidos pelos avaliadores serão aproveitados também no âmbito da pesquisa acadêmica, que será retomada agora pelo laboratório da UFPR e envolverá outros indicadores, com a inclusão de outros equipamentos públicos e área maior de avaliação.
Para enfrentar essa empreitada, estão inscritas até o momento nada menos que cerca de 100 pessoas (!), interessados que responderam ao chamamento público divulgado pela instituição universitária.
Como explica o professor Rosaneli, que coordenará a campanha Calçadas do Brasil ao lado da arquiteta Débora Rocha, do Fórum de Mobilidade Ativa, essa centena de alunos e avaliadores de diferentes campos deverão confirmar sua participação na campanha ao comparecerem à primeira reunião de organização dos trabalhos, marcada para esta quarta-feira (13).
Nesta ação, como foi dito, a ideia é atualizar as análises já realizadas pelo Observatório do Espaço Público com ajuda da campanha de calçadas e uma coleta de dados abrangente. "Pretendemos que seja uma pesquisa representativa de todos os bairros da capital. Para isso, vamos distribuir os avaliadores por seus bairros de origem, e cada qual caminhará pela sua região, a começar pela calçada ao longo dos prédios públicos selecionados para a campanha, e prosseguindo ainda por outros tantos quilômetros no entorno", explica.
Ao final da campanha, diz Rosaneli, será montada uma exposição fotográfica itinerante, para trazer o reconhecimento da realidade das calçadas curitibanas ao maior número de pessoas. "Além de contribuir para as políticas públicas, os relatórios e imagens da campanha serão importantes para a sociedade se conscientizar de que, para mais além dos espaços onde os visitantes da mostra moram e circulam, há áreas na cidade que devem ser vistas, reconhecidas e melhoradas", conclui o pesquisador. E completa: "Em Curitiba, há essa 'ambiguidade da calçada': quando interessa ao poder público mostrá-la, a calçada é bem mantida e conservada. Mas, quando não é...."
Saiba mais sobre a Campanha Calçadas do Brasil 2019
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