Monotrilho do ABC paulista pode sair antes do prazo, diz consórcio

Consórcio da linha São Bernardo-SP diz que modal pode ser entregue seis meses antes do projeto original. Ideia é que a Linha 18-Bronze abrigue hospitais e faculdades

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Fonte: Diário do Transporte  |  Autor: Adamo Bazani  |  Postado em: 26 de fevereiro de 2019

Monotrilho da Scomi (Malásia), que desistiu do pro

Monotrilho da Scomi (Malásia), que desistiu do projeto

créditos: Reprodução


Previsto para ligar parte do ABC paulista à estação Tamanduateí, na capital, o projeto do monotrilho da Linha 18-Bronze já teve etapas “adiantadas” mesmo antes do início da vigência do contrato de implantação do modal.

 

Quem garante é o presidente do Consórcio VemABC, Maciel Paiva, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (25). O executivo comentou que por iniciativa própria, antes mesmo do início da vigência do contrato da Parceria Público Privada (PPP) de construção e operação do modal, o consórcio já adiantou algumas ações como o levantamento das áreas a serem desapropriadas e os procedimentos necessários para posteriormente obter a licença ambiental.

 

De acordo com Paiva, estas ações já custaram ao consórcio mais de R$ 5 milhões. “Isso tínhamos que fazer de todo jeito, já está no contrato. Adiantamos esta parte, o que nos possibilita ter um prazo de vantagem na ordem de seis meses. Assim, em vez de quatro anos, tudo poderá ser concluído em três anos e meio, não havendo imprevistos e, mesmo se houver, é um prazo importante que ganhamos”, disse.

 

Aditivos

O contrato entre o governo do estado e o consórcio foi assinado em 22 de agosto de 2014 e já passou por cinco aditivos. O último venceu em 22 de novembro do ano passado. E agora, segundo o consórcio, está na fase final o processo de assinatura do sexto aditivo.

 

De acordo com o presidente do consórcio VemABC, hoje o maior problema em relação ao projeto é a questão financeira, muito mais do que “vontade política”. No entanto, Maciel Paiva acredita que há perspectiva, já que o governo estadual conseguiu aprovar o projeto de lei que flexibiliza a captação de recursos para as desapropriações e porque, segundo ele, o consórcio entrou em contato com entidades financeiras privadas que teriam demonstrado interesse no projeto.

 

Desapropriações

A respeito dos decretos de declaração de área de utilidade pública para desapropriação que tiveram o prazo vencido em novembro do ano passado, o consórcio defende que a caducidade terá poucos impactos na etapa inicial da obra. Isso porque, de acordo com Paiva, 91% do traçado da linha e 69% das estações estão em áreas públicas já liberadas.

 

“Dá para perfeitamente iniciar as obras sem nenhum impedimento, enquanto novos decretos são assinados e equacionados. Grande parte do traçado está à beira do [córrego] Ribeirão dos Meninos, sem a necessidade até mesmo de desapropriações”, disse.

 

O executivo disse que o monotrilho terá velocidade média comercial de 35 km/h, com capacidade para 25 mil passageiros hora/sentido no horário de pico, em média, com expectativa de crescimento de demanda e de trens ao longo do contrato.

 

Fabricante desiste

O presidente do consórcio VemABC também confirmou negociações com fabricantes internacionais para o fornecimento dos trens. A empresa da Malásia, Scomi, alegando problemas financeiros, desistiu do projeto, como ocorreu com a Linha 17-Ouro do monotrilho da zona sul de São Paulo para a qual também deveria fornecer o material rodante.

 

“Há várias possibilidades de fornecedores que possam atender aos nossos projetos. Já estamos conversando com alguns deles. Podem ser empresas de forma isolada como também a formação joint ventures. Essa é a flexibilidade da PPP. Se uma das partes não pode cumprir o que está estabelecido no contrato, nós da iniciativa privada podemos providenciar com muito mais facilidade um substituto”.

 

Entre as empresas que podem substituir a Scomi no projeto estão BYD, Bombardier, Hitachi, CRC.

 

Hospitais e faculdades em estações

A linha 18 Bronze pode ter também junto às estações empreendimentos, como escolas e hospitais privados por exemplo. De acordo com o presidente do consórcio, o contrato prevê exploração comercial com a contrapartida para o estado.

 

“A exploração comercial é permitida e é parte da renda que a gente vai ter. A gente tem três rendas neste contrato, a contraprestação pecuniária, a renda da tarifa e da exploração comercial”, afirmou Paiva.

 

“As áreas remanescentes para reintegração, por exemplo, podem abrigar estabelecimentos. Também para as estações podemos erguer prédios, de quatro andares, por exemplo, mas dentro da legislação. Podemos locar os andares que não serão usadas para a operação do monotrilho”, explicou o gerente de implantação de obras civis do consórcio, Fábio Zahr.

 

Maciel Paiva ainda disse que a estação Tamanduateí poderá, no futuro, se tornar um “hub” (para conexão) de modais de transportes metropolitanos.Além das atuais linhas 2-Verde (metrô), 10-Turquesa (CPTM) e dos ônibus municipais de São Paulo e metropolitanos (em especial vindos do ABC), o local deve receber a linha 18-Bronze (monotrilho).

 

A linha 20-Rosa de Metrô, ainda sem previsão para sair do papel, também deve se comunicar com o monotrilho da linha 18.  Incialmente, a linha 20 foi pensada para ligar Moema (capital paulista) a Rudge Ramos (São Bernardo do Campo).

 

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