Durante dois dias (18 e 19) a cidade de Brasília foi palco do Workshop de Observação da Cidade, realizado pelo Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis (OICS) do Centro de Estudos Estratégicos (CGEE). O Mobilize Brasil foi um dos convidados para integrar o time de especialistas que debateu sobre desafios e soluções em questões urbanas como mobilidade, energia, água, resíduos sólidos, ambiente construído, planejamento e inovação.
O objetivo do trabalho, que vem sendo desenvolvido desde junho de 2018, é a estruturação de uma base de indicadores para diferentes tipologias de cidades. A ideia parte da formulação de um sistema de informação que permita organizar, orientar e exibir conteúdos e soluções de sustentabilidade adaptados aos diferentes contextos regionais brasileiros. E, além de trazer contribuições e observações críticas, o evento permitiu a criação conjunta de soluções com os participantes.
A iniciativa é resultado de uma parceria do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) com o CGEE e de outros colaboradores – como o Governo do Distrito Federal, da Prefeitura de Recife, o Programa Cidades Sustentáveis da Rede Nossa São Paulo e a ONU Meio Ambiente. Para a mesa de discussões estiveram representantes de instituições como a Unesco, IBGE, Ministério do Meio Ambiente, Fundação Getúlio Vargas (FGV), e membros de empresas que fomentam o desenvolvimento sustentável, como startups, técnicos, estudiosos e consultores.
Trabalho de campo
Já no primeiro dia as atividades do workshop envolveram uma dinâmica de observação pela cidade. A difícil tarefa era perceber as deficiências e potenciais de uso do ambiente urbano em Brasília. Em seguida, os grupos foram convidados a propor soluções criativas e articuladas para os problemas detectados.
No eixo mobilidade e ambiente construído, ficou evidente a todos os efeitos negativos da hegemonia do automóvel no planejamento modernista da capital brasileira. Em médio e longo prazos, as soluções apontadas passam pela criação conjunta de uma política pública de acesso à cidade, com envolvimento ativo dos cidadãos, e ações educativas em torno da noção de pertencimento ao espaço urbano.
Discussão entre os participantes, em Brasília Foto: Marília Hildebrand
Para Juciano Rodrigues, professor e pesquisador da UFRJ e consultor do Observatório no tema Mobilidade, o projeto se propõe a mapear aproximadamente 15 soluções, de diferentes escalas e atores envolvidos, voltadas ao contexto nacional ou internacional. O objetivo é promover a ampliação dos sistemas de mobilidade de baixo carbono e a acessibilidade urbana dos cidadãos. Como exemplo de boas práticas, o pesquisador citou os sistemas de bicicletas públicas compartilhadas de Fortaleza (CE) e Sorocaba (SP), ambos resultado de políticas de mobilidade integrada; e a operação de bicicletas por sistema dockless, implantado em meados de 2018 na cidade de São Paulo. Segundo o pesquisador, a mobilidade pode ser definida, num contorno conceitual mínimo, "pelo modo como as pessoas conectam suas vidas ao exterior de seus domicílios e quais os meios disponíveis para tal."
O segundo dia do evento foi dedicado ao aperfeiçoamento dos indicadores e à construção das tipologias das cidades. Nesta etapa, o geógrafo e professor Claudio Egler fez questão de ressaltar a importância de considerar que as tipologias elaboradas devem ser apenas orientativas, já que "o Brasil é complexo, diverso e desigual", destacou. Também Raiza Fraga, integrante do corpo técnico do CGEE, observou a complexidade da proposta do workshop de pensar soluções urbanas e construir uma plataforma virtual. Por outro lado, concluiu a pesquisadora, foi a reunião desse esforço coletivo o que viabilizou um ambiente frutífero de validação dos resultados, com inclusão de várias sugestões e comentários.
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