O abre e fecha dos semáforos está mais constante em alguns pontos da capital mineira. É que 192 sinais em cruzamentos da área hospitalar, das praças da Estação, Sete e Raul Soares e das avenidas Pedro I, Antônio Carlos e Cristiano Machado tiveram a redução de tempo do ciclo, ou seja, a volta completa – vermelho, amarelo e verde.
O objetivo de abrir e fechar os sinais mais vezes, segundo a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) é dar mais oportunidades de travessia aos pedestres, que ganharam mais tempo para percorrer o caminho entre as calçadas.
As mudanças na programação semafórica – que devem atingir 350 cruzamentos da área central até o fim de 2020 – são aprovadas por quem circula a pé. Ainda assim, para alguns a medida também levanta dúvidas sobre os impactos na fluidez do trânsito.
Desde dezembro de 2018, a BHTrans adotou o cálculo de 0,9 m/s (metro por segundo) para as travessias nesses cruzamentos, enquanto o número recomendado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) é de 1,2 m/s. A empresa afirma que a alteração “proporciona uma travessia com mais conforto e segurança, pois permite maior tempo de verde”.
Tempo maior
Cadeirante, o vendedor ambulante Ricardo Fernandes, de 47 anos, apoia a iniciativa, mas acredita que ainda há o que melhorar. “O tempo (para atravessar) tinha de ser maior. Eu ainda consigo guiar minha cadeira com mais facilidade, mas tem gente que não consegue”, observa o vendedor, que circula sempre pela área hospitalar.
Já o taxista Daniel Jeremias Leite, de 46 anos, vê com ceticismo a nova programação dos sinais. “Com certeza, vai provocar congestionamento, porque BH não tem semáforo sincronizado. O trânsito aqui é cheio de pegadinhas”, reclama o taxista.
Para a BHTrans, não há risco de congestionamento
Ao comentar a medida benéfica ao pedestre, que ganhou mais tempo para atravessar em 192 cruzamentos da capital, o especialista em engenharia de transportes e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Nilson Nunes acredita que a BHTrans possa piorar as condições para o tráfego de veículos nas principais vias da capital. “Ao se aumentar o tempo de travessia para o pedestre, seguramente os veículos vão ficar mais tempo parados. O problema é que eles ficam sempre trabalhando na remediação do que não tem remédio”, avalia Nunes.
A empresa, por outro lado, garante que, “com o ciclo reduzido, o tempo de espera será menor para os veículos” e não há risco de congestionamento em função da nova programação.
Para o professor da UFMG, uma solução para evitar nó no trânsito é o investimento no transporte coletivo. “A gente precisa olhar para outros países, para aquilo que dá certo”, sugere.
Os semáforos de Belo Horizonte são objeto de revisões contínuas. Segundo a BHTrans, a programação semafórica é dinâmica e pode ser alterada por causa de eventos temporários e acidentes.
Idosos
Ao adotar o cálculo de 0,9 m/s para a travessia de pedestres, a BHTrans afirma que um dos fatores levados em consideração foi o aumento do número de idosos, que têm mais dificuldade de locomoção. Com o novo parâmetro, um pedestre que precisava percorrer uma via de 20 metros de largura em 16,6 segundos, agora pode fazer o mesmo trajeto em 22,2 segundos.
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