Bike sustentável, feita aqui de plástico reciclado, ganha o mundo

Engenheiro e artista plástico uruguaio, radicado no Brasil, criou e fabrica em SP bicicletas leves, que não enferrujam, usando 96% menos energia do que as convencionais

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Fonte: Conexão Planeta  |  Autor: Suzana Camargo  |  Postado em: 29 de janeiro de 2019

Muzzy se inspirou em um osso humano, oco como o ca

Muzzy se inspirou em um osso humano, oco como o cano da bike

créditos: Divulgação


Sabe o que é a economia circular? É um conceito que defende que a nossa produção de bens deve estar baseada na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Nos remete à famosa frase do químico francês Antoine Laurent Lavoisier: “Nada se cria, tudo se transforma”.

 

E parece que o artista plástico uruguaio, radicado no Brasil, Juan Muzzi, se inspirou na economia circular – ou será em Lavoisier?! -, para fundar a Muzzicycles.

 

Ele criou uma bicicleta feita com plástico reciclado. Sem soldas e amortecedor, a bike também não leva pintura e não enferruja. Além disso, é levíssima: o quadro de plástico pesa entre 5 e 6kg.

 

Como é produzida? 

Simples, explca Muzzi. Resíduos plásticos são triturados até virar grãos. Depois disso, adiciona-se aditivos químicos, que dão ao material maior resistência. Essa mistura é então depositada em uma máquina injetora, que a coloca num molde. Três minutos e meio depois, o que era plástico descartado se transforma no quadro de uma bicicleta.

 

Em três minutos e meio, plástico reciclado vira quadro de bicicleta, da cores diversas. Foto: Divulgação


Segundo Muzzi, o processo de fabricação da sua bike, em comparação ao de uma tradicional, usa 96% a menos de energia e um mínimo de água. Em uma comum, são necessários 1 mil litros para se fazer um quadro.

 

Até hoje, a Muzzicycles já reciclou 15 toneladas de resíduos plásticos e, com eles, fabricou 132 mil bicicletas. Os resíduos utilizados vêm de organizações que trabalham com a coleta de sucata. As bicicletas são vendidas em diversas cores – ao gosto do cliente -, e nos aros 24, 27 e 29.

 

A marca afirma que o material é bastante resistente, por isso mesmo dá uma garantia vitalícia para suas bikes. “Elas não quebram nunca mesmo. É um produto para a vida toda”, afirma Muzzi. “Mudando a roda, dá pra passar de pai para filho”, ele me diz. A magrela sustentável custa a partir de R$ 784 à vista, o modelo mais simples.

 

Mente em ebulição

O uruguaio, formado em Engenharia e Artes Plásticas, se deixou levar pelo seu lado mais criativo. “A arte é o celeiro do desenvolvimento”, diz.

 

Foram necessários 12 anos de investimento para montar a fábrica em São Paulo. A inspiração, conta Muzzy, veio de um osso humano (não, não foi em Lavoisier!): como o osso é oco, daí, logicamente, lhe veio a ideia de um cano de bicicleta.

 

Hoje o empresário, de coração brasileiro, diz que tem mais clientes no exterior do que aqui. As bikes ecológicas podem ser vistas rodando por cidades do mundo inteiro: Holanda, Argentina, Polônia e, em breve, chegarão a Viena, na Áustria, e à Califórnia, nos Estados Unidos.

 

A Muzzicycles já recebeu prêmios nacionais e internacionais, atestado do design inovador e sustentável. Entre eles, em 2016, ganhou o Top XXI – Prêmio Design Brasil e o Bienal Iberoamericana de Diseño, na Espanha; e no ano seguinte, levou o Sustentar, na categoria Mobilidade Urbana Ecológica.

 

O próximo sonho do artista é desenvolver uma bike com corrente de borracha. Assim, essa será a companheira perfeita em pedaladas na areia da praia.

 

E entre uma bike e outra, Muzzi também pinta, cria esculturas e cerâmicas. Um artista completo. Uma mente em ebulição, que também se preocupa com o meio ambiente. 

 Juan Muzzi e a magrela de plástico reciclado. Foto: Divulgação

 
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Comentários

Manoel - 10 de Fevereiro de 2019 às 11:07 Positivo 0 Negativo 0

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