Primeiro é preciso esclarecer: o túnel subterrâneo que o fundador da Tesla, Elon Musk, mostrou aos repórteres na noite da última terça-feira (18) em Los Angeles não era para pôr um "trem", embora tenha sido isso que o bilionário havia informado antes pelo Twitter.
Na verdade, o túnel da Boring Company, escavado no subsolo da sede da empresa de transporte aeroespacial SpaceX, em Hawthorne (perto de Los Angeles), mede 3 metros de largura por 2,14 km de comprimento, e não comportaria nada maior que um veículo de passageiros; no caso, o Modelo X para sete pessoas.
Também não havia trilhos, mas calhas grosseiras que, teoricamente, permitirão ao veículo circular com um conjunto de rodas de rastreamento. O Model X foi equipado com duas rodas adicionais para andar no túnel, que ficam na parte frontal e são orientadas horizontalmente para deslizar pelas paredes internas, mantendo o veículo na pista. O equipamento criado pela Boring Company é retrátil e cabe debaixo do carro.
Exibição
Mas a curta viagem de terça foi literalmente decepcionante. Não se viu, como era a expectativa, uma viagem de alta velocidade sem atrito, a bordo de um elegante veículo movido a energia elétrica, como mostrado nas renderizações digitais anteriores. "Não tivemos tempo para essa exibição", justificou Musk.
Os fãs de trilhos podem estar rindo ou balançando a cabeça sobre a performance de Musk. Mas já se sabe da tendência do empreendedor/inventor/CEO de fazer grandes promessas.
O mais difícil é desconsiderar uma potencial conquista importante desse projeto - Musk colocou um Tesla em um túnel, e ele fez isso por um custo que pode mudar o jogo da mobilidade: o valor gasto com a escavação do túnel de demonstração foi de US$ 10 milhões por milha (1,60934 km), declarou o empresário.
Esse custo não inclui pesquisa, desenvolvimento ou equipamento, informa o jornal L.A. Times. Também não está claro se esse valor contempla a aquisição de propriedade ou a mão-de-obra - o que geralmente representa cerca de 30% a 40% do custo de um projeto. Mas mesmo se fosse a 50 milhões de dólares por milha, ainda assim seria uma fração do custo de outros projetos de mobilidade urbana como o de metrôs.
Se a empresa de Musk construiu o que muitos profissionais de túneis sempre consideraram inatingível - uma máquina que faz o trabalho mais barato e rápido do que os especialistas em engenharia civil pensavam -, isso representaria uma vantagem para os sistemas de trânsito subterrâneo nos EUA, que muitas vezes lutam para justificar seus enormes custos de construção.
Compare a seguir o custo médio por milha de projetos recentes de metrô nos EUA, nesta tabela com valores de janeiro de 2018:
Arte: Alon Levy/CityLab
“Se funcionar e esses custos anunciados de perfuração de túneis forem reais, isso proporcionaria um benefício incrível para todas as obras do metrô”, declarou à revista Curbed o advogado Ethan Elkind, pesquisador da UC Berkeley especializado em transporte e meio ambiente.
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