Os moradores de Nova York têm agora um novo motivo para defender a legalização e comercialização da maconha. Esse comércio pode ajudar a salvar o metrô da cidade. Isto porque alguns líderes estaduais e municipais começaram a discutir a idéia de legalizar o uso recreativo da maconha e aplicar o resultado desse futuro comércio em projetos e obras do metrô novaioirquino.
O metrô de Nova York tem hoje o pior desempenho pontual de qualquer grande sistema de transporte de massa do mundo, de acordo com dados coletados entre os 20 maiores. Durante os dias da semana, apenas 65% dos trens chegam a tempo aos destinos, a pior taxa desde a crise dos anos 1970, quando as composições estavam caindo aos pedaços e quebravam a todo momento. E o número de passageiros diários quase dobrou nas últimas duas décadas, chegando a 5,7 milhões em 2017.
"Nosso maior problema como autoridades eleitas é o estado do sistema de metrô", declarou Corey Johnson, presidente do City Council (Câmara), em uma entrevista. “E ter a possibilidade de unir o comércio da marijuana ao financiamento das obras no metrô é algo que pode ser altamente impactante e potencialmente transformador”, completou o político.
A ideia tem feito a cabeça de alguns defensores proeminentes na cidade. Mas, por enquanto ainda é muito teórica, já que qualquer iniciativa para legalizar a maconha em Nova York teria que ser aprovada pelos legisladores estaduais e pelo governador Andrew M. Cuomo.
Cuomo já teve uma postura dura contra a maconha, chamando-a de "droga de entrada", mas suavizou seu tom quando vizinhos como Nova Jersey iniciaram a legalização. Agora o governador já admite que um projeto para a legalização estava sendo elaborado e que provavelmente seria introduzido durante a próxima sessão legislativa, que começa em janeiro.
Modernização custará mais de 40 bi de dólares
A crise do metrô de Nova York pode adicionar uma nova urgência ao debate. Os executivos da Metropolitan Transportation Authority (MTA), organismo que controla o metrô, dizem que precisam de mais de US $ 40 bilhões para modernizar o sistema - um valor tão alto que vai demandar novas fontes de receita, além dos bilhetes e da taxa de congestionamento, um pedágio que Cuomo defende para restringir a entrada de carros nas áreas mais movimentadas de Manhattan.
Os mais bem humorados argumentam que alguns passageiros furiosos com o serviço de má qualidade que o metrô vem oferecendo poderiam ficar um pouco mais relaxados com a liberação da maconha..."Talvez você não fique tão mal-humorado quando o metrô não chega", brincou Mitchell L. Moss, especialista em transporte da Universidade de Nova York, que está lançando um novo relatório apoiando a ideia.
Dez estados norte-americanos já legalizaram a maconha recreativa. Michigan acaba de entrar na lista. No Colorado, as lojas de maconha faturaram US $ 1,5 bilhão no ano passado e geraram US $ 247 milhões em impostos e taxas, e esses recursos estão sendo investidos em uma série de iniciativas, desde escolas até no transporte público, como sugerem os políticos de Nova York.
*Tradução e adaptação: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil
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