O Statistics Brief sobre os metrôs do mundo, parrudo relatório produzido pela UITP – International Association of Public Transport (Associação Internacional de Transporte Público), traz uma série de informações importantes para quem gosta de acompanhar a evolução do sistema metroviário no mundo. A data de publicação é setembro de 2018.
Como lembra a entidade internacional logo de saída, os metrôs são de importância crítica para a mobilidade à medida em que as sociedades estão se tornando cada vez mais urbanizadas.
Segundo o relatório, no final de 2017 havia metrôs em 178 cidades de 56 países, transportando em média 168 milhões de passageiros por dia.
Para este levantamento, a UITP coletou, pela primeira vez, dados de material rodante de todos os metrôs do mundo. Em 2017, a frota operacional total era composta por 114 mil vagões.
Na Ásia
Desde o ano 2000, foram inaugurados 75 novos metrôs, um crescimento de 70%. “Este massivo crescimento deve ser creditado em grande parte a investimentos feitos em alguns países da Ásia”, diz o documento da UITP.
E prossegue: “Olhando para a história do desenvolvimento do metrô, nunca houve um incremento tão forte desde que a Ásia começou a investir maciçamente em sistemas metroviários nos anos 1970. Houve um aumento significativo na atual década, que nem sequer terminou, em grande parte devido à China e à Índia”.
É o que mostra o gráfico abaixo: nesta década (2010-2019), enquanto a Ásia inaugurou 33 sistemas de metrô, a América Latina abriu apenas 3.
Para o Statistics Brief, a UITP coletou uma série de indicadores-chave de todos os metrôs do mundo, incluindo número de passageiros, número de linhas, comprimento da rede, número de estações e tamanho da frota.
Segue um breve resumo dos principais tópicos:
Usuários
Em 2017, os 178 sistemas de metrô representaram um total anual de 53.768 milhões de passageiros. Veja o Mapa da distribuição por regiões:
Nos últimos seis anos, o número de usuários de metrôs cresceu globalmente em 8.716 milhões de passageiros (+ 19,5%).
Repartida por continente, a taxa de crescimento de passageiros entre 2012 e 2017 foi mais robusta na região do Oriente Médio e Norte da África (Middle East and North Africa) com +58%, seguida da Ásia (+ 28%) e da América Latina (+ 20%). América do Norte e Europa registraram 10% de aumento, enquanto a Eurásia perdeu 3% dos passageiros.
A Ásia é o lar de nada menos do que sete dos dez mais movimentados metrôs do planeta. Em comparação com o mesmo relatório de 2015 (Statistics Brief), Nova Delhi (Índia) subiu entrou no Top 10, tomando o lugar do Metrô de Paris.
Pequim, Xangai, Seul, Guangzhou e México se mudaram para a parte de baixo no ranking, enquanto Moscou subiu para o número dois. Veja o ranking (Top 10):
Infraestrutura
Em 31 de dezembro de 2017, os 178 sistemas de metrô juntos tinham 642 linhas, para um comprimento total de 13.903 km e 11.084 estações.
Entre o começo de 2015 e o final de 2017, 1.901 km de nova infraestrutura de trilhos foram colocados em serviço. Isso inclui as novas linhas que abriram nos 19 novos metrôs em cidades da China, Índia e Irã (577 km), mas também novas linhas em cidades metropolitanas já estabelecidas (820 km), bem como extensões de linhas (504 km).
Quanto a metrôs individuais, em comparação com a situação no final de 2014, Shenzhen se juntou ao Top 10 dos sistemas de metrô mais longos, substituindo a Cidade do México. Seul subiu uma posição para o número três e Guangzhou subiu do número nove para o número sete no ranking. Londres, Moscou e Madri desceram uma posição.
A Ásia é o lar de nada menos que seis dos dez maiores metrôs do planeta.
Veja a relação (dados do fim de 2017):
Mais seis metrôs passaram a ter um comprimento superior a 200 km: Cingapura (265 km), Chongqing (260 km), Cidade do México (226 km), Teerã (221 km), Nova Delhi (220 km), Paris (215 km) e Wuhan (204 km). Nova Delhi provavelmente entrará no Top 10 em 2018.
Ascensão da frota automatizada
Em março de 2018 o comprimento total da linha de operação totalmente automatizados (FAO – Fully Automatic Operation) atingiu o marco de 1.000 km com a inauguração da Linha Pujiang, em Xangai.
Metrôs totalmente automatizados representam atualmente 7% do comprimento total dos ativos do metrô instalados. Apesar de parecer modesto, deve-se ter em mente que os metrôs totalmente automatizados surgiram nas décadas de 1980 e 1990, em comparação com 150 anos de história do metrô.
No período 2015-2017, dez novas linhas de metrô projetadas para operar totalmente automatizadas (FAO/GOA4) entraram em serviço em dez cidades, com extensão total de 157 km. O GOA4 é uma operação de trem sem supervisão, onde o início e a parada, o funcionamento das portas e o manuseio de emergências são totalmente automatizados, sem qualquer equipe no trem.
Juntamente com nove extensões de linha, o novo GOA4 totaliza 274 km e representa 12% do total do metrô em infraestrutura instalada em 2015-2017. “Se excluirmos a China, que está apenas começando o metrô da FAO e está afetando desproporcionalmente os números de crescimento, os novos metrôs do GOA4 representam 32% de todos os novos metrôs abertos durante o mesmo período”, afirma o documento da UIPT.
A UITP aposta que o forte “mainstreaming” dos metrôs padrão GOA4 em todo o mundo será confirmada nos próximos anos, agora que a China adotou resolutamente a abordagem de metrô totalmente automatizada.
Projeções de crescimento
Nos próximos cinco anos, mais de 200 novas linhas (convencionais e GOA4) e ainda mais extensões devem ser abertas na maioria das regiões, incluindo a África Subsaariana.
No verão de 2018, cerca de 5.400 km foram reportados estar em construção ou em fase de testes, outros 1.700 km nos estágios de projeto e licitação, indica o Statistics Brief do metrô da UITP.
O gráfico abaixo ilustra a infraestrutura cumulativa esperada para a evolução nos próximos cinco anos, bem como a forte integração dos metrôs totalmente automatizados (GOA4) no mundo todo. Desse padrão, 32 linhas devem entrar em operação comercial em 16 cidades chinesas até 2022.
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