O conceito dos aplicativos do transporte individual foi o ponto de partida para um grupo de universitários desenvolver uma solução de mobilidade voltada ao transporte de massa na cidade de São Paulo. O objetivo da proposta é integrar as periferias às regiões centrais da capital paulista de maneira mais eficiente, explicam os jovens.
Apelidado de "Uber dos ônibus", o projeto do MobiBus foi o vencedor da maratona Inovathon 2018, promovida pela Scania no final de outubro.
Mesmo antes de criar a ferramenta, o ponto de partida dos estudantes foi compreender as principais dificuldades do sistema de transporte na capital. Para isso, eles saíram às ruas, tomaram ônibus e conversaram com os usuários. Depois veio a ideia do aplicativo, que é permitir que as pessoas chamem um microônibus, principalmente nas áreas mais afastadas da cidade, e que o veículo seja integrado à malha principal do transporte coletivo e também a opções alternativas, como a rede de bicicletas compartilhadas. Também a preocupação com o meio ambiente levou a equipe a conceber um ônibus abastecido com GNV (gás natural veicular).
Desafios
“Identificamos que quem morava em bairros mais centrais considerava o transporte público bom e tinha acesso fácil a ele, mas essa realidade não é a de grande parte das pessoas”, afirma a estudante de engenharia civil na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Bruna Pazzanese, integrante do grupo vencedor.
Na pesquisa realizada pelos estudantes, os que moram em zonas mais periféricas são os que mais reclamaram do sistema de transporte urbano. "Nós focamos exatamente nesses problemas", diz a estudante, destacando a distância, o ponto de acesso ao transporte e a superlotação como os principais desafios de mobilidade enfrentados pelas pessoas em São Paulo.
Para Bruna, o foco nesses problemas foi crucial para que o grupo fosse escolhido pela Scania. Ao todo, 25 universitários participaram da maratona de inovação, divididos em cinco grupos. A equipe vencedora terá como prêmio uma viagem à Suécia, onde poderá conhecer a sede da Scania.
A iniciativa, segundo a responsável por relações corporativas da Scania América Latina, Patricia Acioli, tem um objetivo mais conceitual. “É uma aproximação da indústria com as faculdades, e a multiplicação do que nós pensamos enquanto empresa. Como Scania não temos nenhuma motivação concreta [em termos de negócios]; tanto que, na chamada do edital, não nos responsabilizamos pelo projeto que será apresentado porque não é nosso objetivo utilizá-lo”, diz.
A proposta da maratona, portanto, é levar os estudantes a pensar sobre questões como transporte sustentável e o que é mobilidade em uma grande cidade como São Paulo.
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