A cidade de Bolonha, na Itália, descobriu um modo de incentivar as pessoas a deixarem o carro na garagem. Por meio de um aplicativo, o programa Bella Mossa (Bom Trabalho), idealizado pelo urbanista italiano Marco Amadori, oferece sorvete, cerveja, ingressos de cinema e outras vantagens a moradores e turistas que fizerem suas viagens a pé, de bike ou usando o transporte público.
Criado em 2017, o projeto tem como objetivo estimular a mobilidade sustentável e reduzir a poluição na cidade.
Como funciona?
Para participar do Bela Mossa, é preciso se inscrever no programa e baixar um aplicativo que registra as jornadas realizadas, transformadas em pontos. O importante não é a distância percorrida, mas a assiduidade. Só podem ser computadas quatro viagens diárias.
Depois de um certo número de trajetos feito sem o carro e pontos acumulados, a pessoa pode trocá-los por sorvete, cerveja, ingressos de cinema gratuitos e também uma série de descontos em diversas lojas e serviços.
“Pela primeira vez conseguimos envolver as pessoas em um projeto como este”, disse Amadori, em entrevista à rede britânica BBC. “Todo mundo tem a chance de trocar uma viagem de carro por uma de bike ou de ônibus e ser recompensado pela boa mudança de comportamento”.
O programa só funciona seis meses por ano, durante o verão europeu, e conta com a parceria de mais de 100 comerciantes locais, que oferecem os prêmios. Para que não haja nenhuma “trapaça”, um GPS no aplicativo monitora a distância das viagens e o meio de transporte escolhido. O app mostra ainda quanto de CO2 (dióxido de carbono) deixou de ser emitido com cada “viagem verde”.
Cidade histórica
Assim como outras cidades italianas históricas, Bolonha não foi projetada para o trânsito intenso que possui atualmente. Há registros de povoados na região já no século VI, antes de Cristo. Seu centro tem ruas estreitas e feitas de paralelepípedos.
O Bella Mossa estimula também a participação de escolas e empresas em um desafio para conferir quem consegue acumular mais pontos.
Até o momento, a iniciativa que é financiada pela prefeitura, com apoio da Comunidade Europeia, registrou 3,7 milhões de quilômetros percorridos de forma sustentável e 16 mil recompensas resgatadas. Apenas entre abril e junho de 2018, 10 mil pessoas se inscreveram no programa.
Vida longa ao Bela Mossa e que ele possa ser copiado em outras cidades do mundo. Que tal no Brasil?
Leia também:
Cidades da Europa vão testar aplicativo para estimular circulação a pé
Milão poderá pagar a quem for de bike ao trabalho
Bolonha, na Itália, é símbolo de mobilidade sustentável
Transporte grátis para todos: por que deveríamos importar essa ideia
Veneza proíbe caiaques e similares no Grande Canal