A partir de hoje (27) os usuários do sistema Yellow de bicicletas e patinetes cmpartilhados já podem obter o reembolso de seus créditos diretamente pelo aplicativo da operadora. A opção foi incluída no menu do app após uma correspondência enviada à Yellow na terça-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) comunicando à empresa que as recentes mudanças adotadas na operação em São Paulo, com restrição da área de operação, estavam em desacordo com o Código de Defesa do Consumidor.
Em entrevista por telefone, o especialista em mobilidade urbana do Idec Rafael Calabria, comentou que a restrição adota pela Yellow era uma clara mudança no contrato de prestação de serviços aos usuários. Como resposta, explicou Calabria, a empresa adotou o mecanismo para devolução dos pagamentos já realizados pelos clientes e comprometeu-se a atender a todas as dúvidas que surjam em função do processo de mudança. "Na próxima semana teremos uma reunião com a Yellow para discutir alguns pontos que ficaram obscuros nessa alteração de contrato. Por exemplo, como será aplicada a multa de R$ 30,00 para os usuários que deixarem suas bicicletas fora da área agora delimitada", explicou representante do Idec.
Usuários prejudicados
As alterações adotadas pela operadora de bicicletas sem estações (dockless) geraram uma série de questionamentos entre os usuários que já haviam aderido ao sistema. Nos últimos dias, leitores do Mobilize enviaram mensagens indignadas sobre a recente decisão da operadora de restringir o uso das bikes a uma área delimitada da cidade. Logo em agosto, quando surgiram pelas ruas, as bicicletas amarelas rapidamente viraram sucesso e passaram a ser adotadas com entusiasmo por muita gente que viu no novo sistema uma nova alternativa de transporte. Assim, a adesão foi imediata para deslocamentos ao trabalho, à escola, às compras etc., especialmente nas áreas da cidade onde os outros programas de compartilhamento ainda não chegaram.
Na terça-feira (24), o Mobilize entrou em contato com a Yellow, para ouvir os representantes da empresa sobre essas mudanças. A pedido da assessoria de imprensa, encaminhamos algumas questões levantadas pelos leitores:
1. Por que a Yellow decidiu anunciar agora essa restrição?
2. Esta postura não é contraditória para um sistema dockless, que teoricamente é livre de estações?
3. Em sistemas de bicicletas compartilhadas, oferta gera demanda. Por que a Yellow não escolheu uma área de operação diferente daquela já ocupada por outros sistemas de bicicletas compartilhadas?
4. Alguns leitores reclamam de uma certa “discriminação” contra alguns bairros que não são atendidos pelos sistemas existentes. A chegada da Yellow apontava uma postura diferente, mais abrangente e democrática. Por que não manter o sistema livre dessas fronteiras econômico-sociais?
5. Como ficarão os usuários que já pagaram seus passes, e que residem/trabalham em áreas excluídas do sistema?
6. Quando o sistema será aberto a toda a cidade, e quantas bicicletas estão previstas para essa operação ampla?
7. Uma norma publicada pela Prefeitura prevê a sinalização dos locais para estacionamento das bicicletas dockless. Quando a Yellow vai implantar essa sinalização?
Na quarta-feira (25) recebemos por email a resposta da assessoria de imprensa, com um texto que procura explicar os motivos das mudanças, mas não rsponde a todas as questões:
"Yellow anuncia expansão gradativa em São Paulo
Empresa começa seu plano de expansão na cidade com base nos aprendizados das primeiras semanas de operação
São Paulo, setembro de 2018 – Após quase dois meses de seu lançamento em São Paulo, a Yellow, empresa brasileira de soluções de mobilidade urbana individual, inicia uma nova fase de operação com base nos aprendizados sobre os fluxos da cidade e demandas dos usuários. O objetivo é garantir uma expansão gradativa e responsável da operação, para ampliar cada vez mais o acesso da população ao serviço e a qualidade dele.
A primeira iniciativa dessa nova fase é a ampliação da área de atuação da empresa para as regiões da cidade onde a demanda mostrou-se maior. Com os dados coletados na fase inicial, foi possível planejar uma área de atuação 52% maior em relação à prevista no plano original – e que deve ser expandida gradativamente conforme mais bikes forem liberadas para uso da população, principalmente em áreas que sejam hubs de transporte público.
“Temos um cronograma de expansão e estamos otimistas com a ampliação que deve acontecer nas próximas semanas e meses”, afirma Eduardo Musa, Cofundador e CEO da Yellow. “Jaguaré, Vila Leopoldina, Santo Amaro e Campo Belo, por exemplo, não estavam previstos no plano inicial e agora possuem uma operação efetiva das bikes”.
O objetivo com a demarcação e sua gradual extensão é resolver o principal desafio da Yellow nesses primeiros meses de operação: garantir a oferta e a disponibilidade das bicicletas em regiões com grande demanda. A área de atuação já pode ser consultada no mapa disponível no aplicativo. “Temos um plano de expandir essa área de atuação pela cidade, de acordo com os dados de demanda que seguimos coletando à medida em que colocarmos mais bikes nas ruas, e, de acordo com os pedidos da população”, conta Musa. “Locais com grande circulação de pessoas terão prioridade”.
A delimitação da área de atuação já havia sido anunciada pela empresa. Para a sua efetivação neste primeiro momento, será cobrada dos usuários uma taxa de retorno para bikes deixadas fora da área de atuação, destinada à coordenação da equipe de logística da empresa – modelo que é adotado por todas as empresas de compartilhamento de bicicletas sem estação do mundo. Os usuários receberão orientações pelo aplicativo e pelos canais oficiais da marca.
Pagamento em dinheiro
Outro passo importante dessa nova fase é a ativação do pagamento em dinheiro para democratizar o acesso às bikes. O cartão de crédito, primeiro a ser aceito pelo aplicativo, continua em vigor e os pagamentos com cartão de débito e bilhete único estão no radar da empresa para as próximas semanas. Os créditos para uso das bicicletas poderão ser comprados em dinheiro em bancas de jornal e lojas, entre outros estabelecimentos parceiros espalhados pela cidade, como lanchonetes, que vão receber o valor em espécie e transferir, na hora, o montante para o app do usuário, como já acontece com as recargas de celular. Os comerciantes receberão uma comissão sobre as transferências realizadas.
“A ideia é tornar o serviço cada vez mais democrático para o usuário. Queremos que as bikes Yellow sejam usadas por todos que precisam do serviço, independente da forma como preferirem e puderem pagar. Criamos e executamos o projeto em tempo recorde, justamente para que o nosso serviço também pudesse ser usado pela população desbancarizada”, afirma Renato Freitas, cofundador da Yellow.
Outras cidades
Enquanto amplia e consolida sua operação em São Paulo, a Yellow também planeja sua atuação em novas cidades brasileiras. Até o final de 2018, novos municípios do país devem receber o serviço. Já no começo de 2019, será a vez da Cidade do México começar a receber as bicicletas e patinetes da empresa."
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